
A decisão do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de se licenciar do cargo na Câmara marca a primeira vez que a Casa Legislativa ficará sem um membro da família Bolsonaro em 34 anos — pai do parlamentar, Jair Bolsonaro ocupou a cadeira no Congresso pela primeira vez em 1991, após se eleger no ano anterior. Na época da posse do ex-presidente, há mais de três décadas, o mundo ainda convivia com as consequências da Guerra Fria, o Plano Collor 2 tomava forma no Brasil e o início do Mercosul trazia mudanças no panorama internacional.
Em um vídeo divulgado em suas redes sociais, o parlamentar justificou, nesta terça-feira, a decisão pelo que chamou de perseguição à qual ele e seu pai estariam sendo submetidos no Brasil. Na gravação, Eduardo cita uma suposta possibilidade de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar a sua prisão.
O parlamentar, no entanto, não foi indiciado nem denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na investigação sobre a trama golpista. O único caso em discussão contra o filho do ex-presidente no STF no momento do anúncio era o pedido de apreensão do seu passaporte pelos deputados Lindbergh Farias (PT-RJ) e Rogério Correia (PT-MG), que não envolvia pedido de prisão.
Nesta terça-feira, porém, Moraes determinou o arquivamento da notícia-crime apresentada pelos petistas Lindbergh e Rogério Correia. A decisão ocorreu após o procurador-geral da República, Paulo Gonet, se manifestar contra a apreensão do documento e atendeu ao pedido de arquivamento da PGR.
O que diz Eduardo Bolsonaro?
Eduardo Bolsonaro cita, em sua fala, o despacho do ministro Alexandre de Moraes, do STF, para que a PGR se manifestasse sobre o pedido dos deputados petistas de que seu passaporte seja apreendido. A representação, até aquele momento, ainda não havia sido apreciada.
— Se Alexandre de Moraes quer prender meu passaporte ou mesmo me prender para que eu não possa mais denunciar seus crimes nos EUA, então é justamente aqui que vou ficar e trabalhar mais do que nunca — afirmou ele. — Abdico temporariamente do meu mandato, irei me licenciar sem remuneração, para que eu possa me dedicar integralmente, para que eu possa buscar as devidas sanções para os violadores dos direitos humanos.
O deputado afirmou que permanecerá nos EUA para “lutar” pela anistia aos presos pela tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 e que só retornará ao Brasil quando Moraes for punido por “abuso de autoridade”.
O deputado era cotado para assumir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara (Creden), que seria a primeira pedida do PL entre as comissões permanentes. A ideia seria usar o cargo para uma aproximação institucional com o governo americano, comandado por Donald Trump. A comissão é responsável pelas relações diplomáticas e consulares da Casa com governos e entidades internacionais.
Segundo Eduardo, o deputado Luciano Zucco (PL-RS) será indicado para ocupar o cargo na Creden em seu lugar. A liderança do PL na Câmara disse que ainda não sabe quem poderá ocupar o lugar de Eduardo na comissão. Além de Zucco, são cotados os deputados Luiz Philippe de Orleans e Bragança e Filipe Barros.
Com informações de O GLOBO.
Leia mais:
Fonte: https://agendadopoder.com.br/apos-fuga-de-eduardo-camara-ficara-sem-nenhum-membro-da-familia-bolsonaro-pela-1a-vez-em-34-anos/