
Um estudo apresentado segunda-feira (17) na Cúpula Global de Física 2025, da Sociedade Americana de Física, em Anaheim, na Califórnia, sugere que a Terra pode conter vestígios de explosões estelares antigas – como se morássemos em um “cemitério de supernovas”.
A pesquisa encontrou uma forma rara de plutônio radioativo em amostras do fundo do oceano, indicando que nosso planeta pode ter sido atingido por detritos de uma quilonova, uma explosão cósmica extremamente rara. Agora, os cientistas buscam novas evidências na superfície da Lua para confirmar a teoria.
“Vivemos em um cemitério de supernovas”, disse Brian Fields, astrônomo da Universidade de Illinois Urbana-Champaign e um dos responsáveis pelo estudo. Segundo ele, partículas geradas por essas explosões viajam pelo espaço e se depositam na Terra e na Lua ao longo do tempo.
Supernovas teriam influenciado a composição química da Terra
A investigação sobre esses vestígios começou nos anos 1990, mas foi em 2004 que pesquisadores encontraram, em sedimentos oceânicos, uma versão radioativa do ferro que só poderia ter vindo de uma supernova.
Nos anos seguintes, novas análises revelaram sinais de duas supernovas que teriam ocorrido há aproximadamente três milhões e oito milhões de anos. Essas descobertas reforçam a ideia de que explosões estelares influenciaram a composição química do planeta. No entanto, em 2021, cientistas encontraram algo ainda mais raro: um isótopo radioativo de plutônio, que sugeria uma origem diferente.
O plutônio detectado não poderia ter sido produzido apenas por supernovas comuns. Segundo os pesquisadores, a explicação mais provável é que tenha vindo de uma quilonova – uma colisão catastrófica entre duas estrelas de nêutrons. Esses eventos são tão poderosos que criam elementos raros, como ouro e platina.
A equipe de Fields agora acredita que uma quilonova ocorreu antes das duas supernovas já identificadas, há cerca de 10 milhões de anos, deixando uma assinatura radioativa no planeta.

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Segundo o estudo, os detritos da quilonova se misturaram aos materiais das supernovas posteriores, criando um “coquetel cósmico” de ferro e plutônio. “Tivemos uma quilonova que espalhou plutônio por toda parte”, explicou Fields. “Depois, com a agitação de uma supernova, tudo se misturou e parte disso caiu na Terra”.
Para comprovar essa teoria, os cientistas precisam de mais evidências, e a Lua pode ser o local ideal para essa busca. Diferentemente da Terra, onde o solo é constantemente remodelado por processos geológicos e atmosféricos, a superfície lunar preserva registros mais nítidos do que aconteceu no passado.
Com o avanço das missões Artemis, da NASA, que devem levar astronautas de volta à Lua nos próximos anos, os pesquisadores veem uma oportunidade de obter amostras lunares em maior quantidade. “Atualmente, o solo lunar é extremamente valioso porque temos pouco”, disse Fields. “Mas, no futuro, coletar amostras poderá se tornar algo rotineiro”.
A equipe agora trabalha para convencer a comunidade científica a incluir essa pesquisa nas próximas missões lunares. “As amostras virão de qualquer forma. Só queremos aproveitar a oportunidade para analisá-las”, concluiu Fields.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/03/19/ciencia-e-espaco/vivemos-em-um-cemiterio-de-supernovas-afirma-cientista/