
Cientistas pensavam ter resolvido um dos maiores mistérios da astronomia: a origem da Lua. A teoria mais aceita sugere que um objeto do tamanho de Marte colidiu com a Terra primitiva, lançando material derretido ao espaço. Esse material teria se agrupado e dado origem ao nosso satélite natural.
Essa explicação ganhou força na década de 1980 e parecia fazer sentido. A Lua tem pouca água e um núcleo pequeno de ferro, características que indicam que se formou a partir da camada externa da Terra. Além disso, sua superfície branca e cheia de minerais sugere um passado de intenso calor, solidificando-se ao longo do tempo.
Acreditava-se que a Lua, recém-formada, estivesse muito próxima da Terra. Com o tempo, a interação gravitacional entre os dois corpos foi afastando o satélite, um processo que continua até hoje, a uma taxa de cerca de cinco centímetros por ano. No entanto, há algo que os astrônomos podem ter interpretado errado: a verdadeira idade da Lua.
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Quantos anos tem a Lua?
As primeiras pistas sobre esse possível engano surgiram com as amostras de rochas lunares trazidas pelas missões Apollo. As análises indicavam que as rochas mais antigas tinham 4,35 bilhões de anos, ou seja, a Lua teria se formado cerca de 200 milhões de anos após o nascimento do Sistema Solar.
No entanto, alguns pesquisadores começaram a questionar essa idade. Modelos de formação planetária sugerem que, nesse período, a maior parte dos materiais que flutuavam pelo espaço já teria sido incorporada a planetas ou expulsa do Sistema Solar. Ou seja, um impacto tão tardio formando a Lua parecia improvável.
Se a Lua não se formou há 4,35 bilhões de anos, quando, então, ela realmente nasceu?
Segredo pode estar no calor do satélite
A resposta pode estar escondida em um fenômeno chamado aquecimento por marés. Assim como Io, a lua vulcânica de Júpiter, a nossa Lua também pode ter sido aquecida pela força gravitacional da Terra. Esse processo acontece quando um corpo celeste é comprimido e esticado repetidamente, gerando calor interno.

Essa ideia foi reforçada por um estudo de 2016, que sugeriu que a Lua passou por episódios extremos de aquecimento enquanto se afastava da Terra. Esse calor intenso pode ter “zerado” os relógios internos das rochas lunares.
As rochas contêm elementos radioativos que decaem com o tempo, permitindo que os cientistas determinem suas idades. Mas se a Lua foi aquecida o suficiente, esses relógios podem ter sido reiniciados, registrando apenas a data em que o satélite esfriou novamente, e não quando ele realmente se formou.
Como esta senhora “disfarça” a idade
Se essa hipótese estiver correta, as rochas lunares não registram a formação da Lua, mas sim o momento em que ela passou por um intenso reaquecimento. Isso significaria que o satélite natural pode ser muito mais antigo do que indicam as estimativas tradicionais.
Durante sua formação, os cristais de zircão presentes nas rochas lunares absorvem urânio, mas rejeitam chumbo. Com o passar do tempo, o urânio radioativo se transforma em chumbo em uma taxa previsível, permitindo a datação dessas amostras.
Um estudo publicado na revista Nature indica que esses cristais podem ter idades superiores a 4,35 bilhões de anos. Se isso estiver correto, a Lua pode ter se formado entre 4,43 e 4,51 bilhões de anos atrás, logo após o surgimento da Terra, há cerca de 4,54 bilhões de anos.
Essa revisão da idade lunar é vista com bons olhos por cientistas que estudam a evolução planetária, pois se encaixa melhor nos modelos de formação do Sistema Solar. Ainda assim, persistem incertezas.
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