31 de março de 2025
Lula discursa para empresários no Japão e diz que Brasil
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do encerramento do Fórum Econômico Japão-Brasil, nesta quarta-feira, e em seu discurso reforçou a necessidade de reacender o comércio bilateral entre os dois países. Para uma plateia de políticos e empresários, incluindo o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, Lula vendeu o Brasil como um porto seguro para investidores, cuja economia, segundo o presidente, vem superando as expectativas de crescimento.

Depois de iniciar sua fala se dizendo triste pela derrota da seleção brasileira para a Argentina por 4 a 1, Lula elencou motivos de alegria em sua visita ao Japão, anunciando a assinatura de 10 acordos de cooperação nas mais diversas áreas, além de “80 instrumentos entre empresas, bancos, universidades e outras instituições”.

— Resta, no entanto, um importante desafio: nosso comércio bilateral diminuiu nos últimos anos. Caiu de US$ 17 bilhões, em 2011, para US$ 11 bilhões em 2024. Algo não andou bem na nossa relação e é preciso aprimorá-la. Este fórum empresarial é a oportunidade para reverter esse declínio. Em um mundo cada vez mais complexo, é fundamental que parceiros históricos se unam para enfrentar as incertezas e instabilidades da economia global — disse Lula.

O presidente também pontuou a importância de o Japão fechar negócios com a América do Sul:

— Precisamos avançar com a assinatura de um acordo de parceria econômica entre Japão e Mercosul. Nossos países têm mais a ganhar com integração do que com práticas protecionistas — disse Lula, numa referência clara à guerra tarifária implementada pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Ambiente seguro

O presidente brasileiro destacou, em seu discurso, a aprovação da Reforma Tributária como uma das bandeiras para atrair investimentos estrangeiros, “simplificando processos, reduzindo custos e oferecendo maior previsibilidade e eficiência aos negócios”. Numa espécie de recado ao Congresso brasileiro, citou a “correção de injustiças no Imposto de Renda, para beneficiar bilhões de brasileiros, aumentando o consumo das famílias e fazendo a roda da economia girar”.

Lula também lembrou da importância de programas de governo para garantir inclusão social, além de “a mais importante política de crédito da história do país”:

— Nunca antes houve tanto crédito disponibilizado para as pessoas mais pobres, para os trabalhadores, e também para os grandes empresários e para o agronegócio — afirmou, citando a atuação do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

O presidente continuou:

— Eu quero convidar os japoneses a investir no Brasil, porque é um porto seguro. Como foi para os japoneses em 1908, nós queremos ser em 2025, atraindo parcerias, joint-ventures e investimentos em nosso país. É preciso garantir previsibilidade aos investidores. Ninguém pode ser pego de surpresa com mudança de lei todo santo dia – disse o presidente, mencionando novamente a Reforma Tributária.

Lula afirmou que o Brasil está consolidando com o Japão uma nova estratégia de relacionamento, baseada em “compartilhar alianças entre as empresas japonesas e brasileiras, para que a gente possa crescer juntos”.

O presidente brasileiro deu o exemplo da Toyota, que apostou no Brasil para instalar sua primeira fábrica fora do Japão, na década de 1950.

— Na semana passada, visitei uma das fábricas da Toyota no Brasil, ocasião em que a empresa anunciou investimentos de mais de US$ 2 bilhões até 2030. Honda, Nissan e Mitsubishi também ampliarão suas presenças no mercado brasileiro. Isso vai alavancar a produção de veículos elétricos e híbridos.

Lula lembrou, ainda, que a ANA (All Nippon Airways), maior companhia aérea japonesa, também anunciou – num acordo assinado nesta quarta-feira – a compra de 20 aeronaves da Embraer.

— Manter a isenção recíproca de vistos de negócios e de turismo entre Brasil e Japão foi um passo essencial na direção dessa parceria. O Brasil continuará desafiando as projeções do Banco Mundial. Nos últimos 2 anos, nosso PIB superou as expectativas e cresceu acima de 3%. Em 2025, outra vez, nós vamos surpreender o mundo, e queremos surpreender em parceria com o Japão.

Por fim, Lula elogiou o plano estratégico de energia do Japão, que prevê elevar o percentual de mistura de etanol na gasolina para 10%, até 2030, e 20% a partir de 2040.

Alheio à polêmica de seu governo com a pressão para exploração de petróleo na Foz do Amazonas, Lula até ensaiou um discurso ambientalista, convidando o primeiro-ministro japonês a participar ativamente dos debates da COP30, em novembro:

— A descarbonização não é uma escolha, é uma necessidade e grande oportunidade. E o envolvimento do setor privado nessa meta é fundamental. O Brasil sempre será um aliado para reduzir a dependência global de combustíveis fósseis.

Com informações de O GLOBO.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-discursa-para-empresarios-no-japao-e-diz-que-brasil-e-um-porto-seguro-para-investidores-estrangeiros/