25 de novembro de 2024
James Webb pode não ter encontrado vida extraterrestre como se
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Cientistas da Universidade da Califórnia Riverside (UCR) concluíram, em pesquisa publicada nesta quinta-feira (2) no The Astrophysical Journal Letters, que relatórios recentes indicando que o Telescópio Especial James Webb (JWST) detectou supostos sinais de vida em planeta fora do Sistema Solar são prematuros, o que não significa que isso não possa acontecer no futuro.

O furor em torno da suposta descoberta iniciou-se em 2023, quando o James Webb detectou possíveis elementos de “bioassinatura” na atmosfera do exoplaneta K2-18 b, uma espécie de super-Terra que está a cerca de 120 anos-luz de nosso planeta, rememora o Space.com.

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Normalmente, exoplanetas são extremos, violentos e de natureza que não se assemelha à vida como conhecemos. Eles podem ser atingidos por forte radiação de suas estrelas, não ter superfície sólida ou até serem congelados, mas no caso do K2-18 b, a situação foi um tanto diferente, pois ele se assemelha bastante à Terra.

Ilustração de como seria a vista de K2-18 b (Imagem: Shang-Min Tsai [gerado com IA]/UCR)

James Webb não descobriu vida em K2-18 b?

  • O exoplaneta em questão tem entre duas e três vezes a largura da Terra e 8,6 vezes sua massa;
  • Ele se encontra em zona habitável de sua estrela, região ideal para suportar água líquida;
  • Dessa forma, esse exoplaneta é teorizado como um oceano, ou um mundo “hiciano”, cheio de água líquida;
  • Contudo, ele tem uma diferença em relação ao nosso planeta: sua atmosfera parece ser composta, principalmente, por hidrogênio e não por azoto (que compõe 78% de nossa atmosfera).

Este planeta recebe quase a mesma quantidade de radiação solar que a Terra. E, se a atmosfera for removida como fator, o K2-18 b tem temperatura próxima à da Terra, o que também é situação ideal para encontrar vida.

Shang-Min Tsai, membro da equipe e cientista do projeto UCR, em comunicado

A investigação de 2023, realizada por cientistas da Universidade de Cambridge com o James Webb, determinaram a presença de dióxido de carbono e metano no K2-18 b.

Tais moléculas foram encontradas sem vestígios de amoníaco, indicando que o exoplaneta seria mesmo um mundo hiciano, com vasto oceano sob atmosfera rica em hidrogênio. Mas algo bem emocionante também foi sugerido.

“O que foi a cereja do bolo, em termos de busca por vida, é que, no ano passado, esses pesquisadores relataram tentativa de detecção de sulfeto de dimetila, ou DMS, na atmosfera daquele planeta, produzido pelo fitoplâncton oceânico da Terra”, informou Tsai.

Tal dado incute que, se o DMS estiver se acumulando a níveis detectáveis, pode haver algo, talvez até alguma forma de vida, que está produzindo esse DMS em K2-18 b a taxa 20 vezes superior à que encontramos na Terra.

Representação artística do Telescópio Espacial James Webb investigando galáxia (Imagem: Dima Zel/Shutterstock)

Detecção do DMS foi mesmo confirmada?

Mas há um porém: a detecção do DMS foi inconclusiva, e até mesmo o cientista da Universidade de Cambridge, Nikku Madhusudhan, foi cauteloso acerca da descoberta.

Ele afirmou que futuras observações do Webb são necessárias para confirmar sua presença na atmosfera do exoplaneta. A inclusão acerca da detecção do DMS levou a equipe do UCR a acompanhar a detecção.

O sinal DMS do JWST não era muito forte e só apareceu de certas maneiras durante a análise dos dados. Queríamos saber se poderíamos ter certeza do que parecia ser uma dica sobre o DMS.

Shang-Min Tsai, membro da equipe e cientista do projeto UCR, em comunicado

O que esse grupo descobriu, a partir de modelos computacionais que contabilizam atmosferas baseadas em hidrogênio e para a física e química do DMS, foi que é improvável que os dados coletados primeiro apontassem para detecção de DMS.

“O sinal se sobrepõe fortemente ao metano e pensamos que distinguir DMS do metano está além da capacidade deste instrumento”, informou Tsai.

Dessa forma, o JWST vai precisar analisar o exoplaneta com outros instrumentos além do Near-Infrared Imager and Slitless Spectrograph (NIRISS) e Near-Infrared Spectrograph (NIRSpec), que foram utilizados na investigação inicial.

Atualmente, a equipe de Madhusudhan segue observando o K2-18 b com outro instrumento primário do telescópio espacial, o Mid-Infrared Instrument (MIRI), que vem ajudando a reunir mais informações sobre o exoplaneta que é similar à Terra.

Os exoplanetas estão perdendo tamanho (Crédito: NASA, ESA, CSA e D. Player (STScI))
Imagem: NASA, ESA, CSA, D. Player (STScI)

As melhores bioassinaturas em um exoplaneta podem diferir significativamente daquelas que encontramos hoje mais abundantes na Terra. Em planeta com atmosfera rica em hidrogênio, é mais provável que encontremos DMS produzido pela vida em vez de oxigênio produzido por plantas e bactérias, como na Terra.

Eddie Schwieterman, líder da equipe e astrobiólogo da UCR

“Por que continuamos explorando o cosmos em busca de sinais de vida?” Tsai perguntou retoricamente. “Imagine que você está acampando em Joshua Tree [parque estadual dos EUA] à noite e ouve algo. Seu instinto é acender uma luz para ver o que há lá fora. De certa forma, é isso que estamos fazendo também.”

O post James Webb pode não ter encontrado vida extraterrestre como se pensava; entenda apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/05/03/ciencia-e-espaco/james-webb-pode-nao-ter-encontrado-vida-extraterrestre-como-se-pensava-entenda/