19 de abril de 2025
Conselho de Ética da Câmara analisa nesta quarta (2) processo
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Sob investigação do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) já considera certo que a maioria do colegiado vai votar nesta quarta-feira (9) pela cassação de seu mandato, após ter chutado um militante do MBL (Movimento Brasil Livre) que o ofendeu e chamou sua mãe de “corrupta” e “safada”, informa Malu Gaspar em sua coluna no jornal O GLOBO.

Em abril de 2024, Glauber empurrou e expulsou da Câmara dos Deputados o ativista Gabriel Costenaro, que possui 531 mil seguidores no Instagram e é conhecido por gravar vídeos provocando parlamentares de esquerda. Na ocasião, Costenaro chamou Glauber de “burro” e “fraco” enquanto transmitia ao vivo em suas redes sociais.

Na última quarta-feira (2), o deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), relator do processo no qual Braga é acusado de quebra de decoro parlamentar, pediu a cassação do mandato, mas o Conselho ainda precisa votar o relatório.

“Os casos graves do Conselho de Ética foram esquecidos. O deputado (Chiquinho) Brazão foi denunciado (com a acusação) de matar Marielle, tem deputado envolvido na tentativa de golpe e escândalos de corrupção que sequer foram investigados. A diferença é que os demais parlamentares não tinham denunciado o esquema do orçamento secreto. Eu estou sendo perseguido porque não me calei diante desse escândalo”, disse Braga à reportagem.

Segundo relatos obtidos pela equipe da reportagem, com o cenário adverso no Conselho de Ética, colegiado formado por 21 deputados, a maioria de centro e do campo da direita, aliados de Glauber – de partidos como o PT e o PDT – já se movimentam nos bastidores para garantir a sobrevivência política dele no plenário e buscar apoio até mesmo de setores da oposição, como alas do PP e do Republicanos mais alinhadas à base lulista.

“Nosso trabalho agora é no plenário”, diz um interlocutor do deputado ouvido reservadamente pela equipe da reportagem.

Um dos argumentos que tem sido utilizado para tentar convencer os parlamentares é o fato de que o Conselho de Ética aprovou, em 28 de agosto do ano passado, o relatório da deputada Jack Rocha (PT-ES) a favor da cassação de Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), por seu envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em março de 2018.

Chiquinho é réu no Supremo Tribunal Federal por homicídio qualificado e organização criminosa, mas até o momento o caso não foi levado ao plenário para votação.

Na ocasião, o placar no Conselho de Ética foi de 15 votos favoráveis ao relatório, um único voto contrário e uma abstenção — esta última, do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), o mesmo que agora defende a cassação de Glauber. Paulo Magalhães, aliás, também já agrediu um escritor dentro da Casa e não foi cassado.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (PP-PB), ainda não se manifestou sobre o que pretende fazer.

Porém, aliados de Glauber acreditam que, assim como não houve pressa para levar o caso de Brazão ao plenário, Motta deverá adotar a mesma postura em relação ao psolista, para evitar se indispor com a esquerda ou com a direita.

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Fonte: https://agendadopoder.com.br/sob-risco-de-ser-cassado-glauber-braga-pondera-casos-mais-graves-do-conselho-de-etica-como-o-de-brazao-foram-esquecidos/