
A disputa pelo comando da Rede Sustentabilidade, que opõe os grupos da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e da ex-senadora Heloísa Helena, não ocorrerá mais neste fim de semana. Os aliados de Marina conseguiram, na Justiça, adiar o congresso nacional da legenda, que estava marcado para os dias 11 a 13 de abril.
A liminar foi concedida em segunda instância pelo desembargador Fábio Eduardo Marques, da 5ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT). Segundo a decisão, há indefinição sobre a composição do colégio eleitoral, o que representaria risco de um gasto irreversível de R$ 1 milhão em recursos públicos. O processo tramita sob segredo de Justiça.
A decisão atende a pedido de Giovanni Mockus, candidato apoiado por Marina, que apontou indícios de fraudes em conferências estaduais — irregularidades que já eram alvo de outras ações judiciais. No Rio de Janeiro, por exemplo, os delegados foram suspensos, o que impediria inclusive o voto de Heloísa Helena.
Durante a semana, Mockus também alegou que seu grupo não teve acesso à lista oficial de delegados habilitados a votar. O juiz Pedro Matos de Arruda, da 23ª Vara Cível do TJDFT, determinou que a documentação fosse entregue até o dia 9 de abril. No entanto, o grupo ligado à ministra afirmou que os arquivos foram entregues fora de ordem, o que comprometeria a transparência e dificultaria a fiscalização. Diante do risco de fraude, a ala manifestou-se pela suspensão do congresso.
No último mês, a legenda enfrentou disputas judiciais em ao menos cinco estados. Em Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Espírito Santo, o grupo de Marina denunciou irregularidades, como filiações supostamente feitas sem consentimento.
O caso mais emblemático ocorreu na Bahia, onde duas convenções paralelas foram realizadas. O grupo de Marina ocupou o local inicialmente reservado, enquanto a ala de Heloísa se reuniu no saguão do hotel. Em meio ao impasse, um dos aliados da ex-senadora chegou a conclamar vaias à ministra, que não estava presente.
Atualmente no comando da sigla, os aliados de Heloísa Helena defendem o nome de Paulo Lamac, secretário de Relações Institucionais de Belo Horizonte, como próximo porta-voz da Rede. Já Marina apoia a candidatura de Giovanni Mockus.
O embate entre Marina Silva e Heloísa Helena evidencia a divisão no diretório nacional do partido. As divergências entre as duas líderes remontam a 2022 e refletem visões distintas sobre os rumos ideológicos da legenda. Marina defende a linha “sustentabilista”, enquanto Heloísa é adepta do “ecossocialismo”, que associa preservação ambiental à transformação do sistema econômico.
Outro ponto de tensão é a relação com o governo federal. Marina integra a gestão do presidente Lula como ministra do Meio Ambiente, enquanto Heloísa mantém uma postura crítica ao PT desde 2003, quando foi expulsa do partido após se posicionar contra a reforma da Previdência no primeiro mandato de Lula.
Com informações de O Globo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/brigas-entre-grupos-de-marina-e-heloisa-helena-leva-justica-a-suspende-eleicoes-internas-da-rede-em-cinco-estados/