19 de abril de 2025
Inflação desacelera e IPCA recua em março, apesar de pressão
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O índice de inflação divulgado nesta sexta-feira (11/4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta uma desaceleração em relação ao mês anterior. A taxa representa uma queda de 0,75 ponto percentual na comparação com fevereiro, quando o IPCA havia registrado alta de 1,31%. No acumulado de 12 meses, o Brasil tem uma inflação de 5,48% — percentual acima do teto da meta estabelecida para este ano, que é de 4,50% (detalhes sobre o sistema de metas abaixo).

Os dados fazem parte do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no país, utilizado como referência pelo Banco Central na definição da taxa básica de juros, a Selic.

O que é o IPCA

Desde 1979, o IPCA é calculado pelo IBGE com o objetivo de refletir o custo de vida e o poder de compra do cidadão brasileiro. Considerado o principal termômetro da inflação no país, ele mede mensalmente a variação dos preços de uma cesta de produtos e serviços, comparando-os ao mês anterior. A diferença entre os dois valores aponta a inflação do mês.

A metodologia de cálculo do IPCA abrange 90% da população residente em áreas urbanas do Brasil. O levantamento inclui categorias como alimentação e bebidas, habitação, transportes, saúde e cuidados pessoais, comunicação, educação, vestuário, artigos de residência, entre outras.

Novo modelo de metas: meta contínua

A partir deste ano, o Brasil adota um sistema de meta de inflação contínua. Isso significa que o IPCA é acompanhado mês a mês e, caso o índice acumulado em 12 meses permaneça fora do intervalo de tolerância por seis meses seguidos, considera-se que a meta foi descumprida.

Para 2025, a meta inflacionária definida é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo — ou seja, piso de 1,5% e teto de 4,5%. O Conselho Monetário Nacional (CMN), responsável por estabelecer a meta, é formado pelo Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento e Banco Central (BC).

Quando a meta é ultrapassada, o Banco Central precisa justificar o descumprimento ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por meio de uma carta aberta. Cabe ao BC controlar a inflação utilizando como instrumento a taxa básica de juros (Selic), que é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) a cada 45 dias. A próxima reunião do colegiado está marcada para os dias 6 e 7 de maio.

Na ata da reunião de março, o Copom alertou que, caso a inflação mantenha o ritmo atual de alta, o acumulado em 12 meses seguirá “acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos”.

“Desse modo, com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas”, alertou a diretoria do BC.

A visão do mercado sobre a inflação

As expectativas do mercado financeiro continuam distantes da meta estabelecida para este ano. De acordo com o mais recente relatório Focus, divulgado pelo Banco Central com base em projeções de analistas do mercado, a estimativa para o IPCA em 2025 está em 5,65%.

Veja abaixo as projeções atualizadas:

  • A expectativa para a inflação de 2026 permanece em 4,50%.
  • Para 2027, a projeção segue inalterada em 4%.
  • Já para 2028, a previsão é de 3,78%.

Além do mercado, o próprio Banco Central avalia que a chance de a meta ser descumprida neste ano é elevada. No Relatório de Política Monetária (RPM) divulgado no fim de março, o BC estimou que a probabilidade de a inflação ultrapassar o teto da meta subiu de 50% em dezembro para 70% em março.

Com informações do Metrópoles.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/inflacao-desacelera-e-ipca-recua-em-marco-apesar-de-pressao-sobre-metas/