
Apelidado de “pílula do exercício”, o medicamento SLU-PP-332 promete queimar gordura e melhorar a resistência do corpo, simulando, em parte, a atividade física. Por enquanto, o remédio ainda está em fase de testes com animais e deve demorar para que seja aplicado em humanos — se é que isso acontecerá. Mas, antes mesmo disso, será que as pesquisas já indicam quais são os possíveis riscos e efeitos colaterais?
Primeiro, vamos aos dados sobre a “pílula do exercício”. A pesquisa, publicada na ACS Chemical Biology em 2023, mostrou que esse composto ativa os receptores ERR (α, β e γ), principais reguladores do metabolismo energético. Dessa forma, ele aumenta a eficiência mitocondrial e promove a queima de gordura.
Durante os experimentos, camundongos que receberam a pílula correram 70% mais tempo e 45% mais longe em comparação com aqueles que não a tomaram. Isso se deve a uma mudança na composição muscular, com um aumento nas fibras típicas de atletas de resistência.
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Quais são os possíveis efeitos colaterais do medicamento?
O medicamento ainda não foi testado em humanos, mas um artigo do The Conversation, escrito pelo pesquisador Álvaro Carmona, da Universidade de Loyola, avalia as possíveis consequências físicas e psicológicas da “pílula do exercício”.
O primeiro ponto é que, embora o composto aumente a queima de gordura e o gasto energético basal, ele não fortalece os ossos e as articulações, nem reduz o estresse ou melhora o humor. Ou seja, não substitui os exercícios físicos.
Isso pode gerar consequências psicológicas, como a percepção equivocada de que a atividade física não é mais necessária. “Se for comercializada como uma solução fácil, algumas pessoas podem abandonar o exercício, o que pode prejudicar a cultura do esporte e levar a problemas de saúde associados ao sedentarismo”, explica o artigo.
Se os efeitos da pílula forem comprovados, suas consequências podem ir além da forma física e até mesmo afetar competições esportivas. Um medicamento desse tipo, por exemplo, provavelmente seria banido de competições, como já ocorreu no passado com o GW501516.
Além disso, espera-se que, inicialmente, o remédio tenha um custo elevado, tornando-o inacessível para muitas pessoas e criando disparidades entre quem pode e quem não pode usá-lo.
Por fim, surge a dúvida: ele deveria ser usado como tratamento para obesidade e doenças graves? Ou apenas como um recurso estético para “simular” alguns efeitos do exercício? Essa discussão ainda precisa ser aprofundada após os estudos em humanos — que estão longe de começar.
O post “Pílula do exercício”: quais são os efeitos colaterais? apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/04/18/medicina-e-saude/pilula-do-exercicio-quais-sao-os-efeitos-colaterais/