23 de abril de 2025
Por que há animais de sangue quente e frio?
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Você já ouviu falar que répteis têm “sangue frio” e mamíferos, “sangue quente”? Essa classificação vai muito além de uma curiosidade biológica – ela influencia diretamente como os animais vivem, se movimentam, caçam e sobrevivem no ambiente.

O controle da temperatura corporal é um dos fatores mais importantes para o funcionamento do organismo, e diferentes estratégias evolutivas surgiram para lidar com isso.

Mas, afinal, o que esses termos significam de verdade? Ser de sangue quente ou frio não tem a ver literalmente com a temperatura do sangue, e sim com como o corpo regula o calor interno. Essa diferença explica por que um lagarto precisa se aquecer ao sol e um cachorro pode correr no frio.

O que significa o sangue ‘frio’ e ‘quente’ nos animais?

Na biologia, os termos “sangue frio” e “sangue quente” são maneiras populares de descrever duas estratégias diferentes de regulação térmica: a ectotermia e a endotermia.

Animais ectotérmicos, como répteis, peixes e anfíbios, dependem do ambiente externo para controlar sua temperatura corporal. Já os endotérmicos, como mamíferos e aves, produzem calor internamente por meio do metabolismo, o que permite que mantenham a temperatura estável mesmo com variações no clima.

Essa diferença afeta profundamente o comportamento e o metabolismo das espécies. Ectotérmicos geralmente possuem um metabolismo mais lento, o que os torna mais econômicos em termos de gasto energético, mas também mais dependentes das condições do ambiente para se manterem ativos. Isso influencia seus hábitos de alimentação, movimentação e caça, que costumam se concentrar em horários mais quentes do dia.

O urso polar, mamífero que vivem em condições extremas de temperatura. (Imagem: Agami Photo Agency / Shutterstock)

Já os endotérmicos têm um metabolismo acelerado, consomem mais energia e precisam se alimentar com mais frequência para manter a temperatura corporal, o que favorece maior resistência e independência das condições externas, permitindo a ocupação de habitats bem diversos.

Um estudo publicado na Nature Ecology & Evolution (2017) aponta que a endotermia foi um dos fatores-chave para a conquista de diferentes habitats, inclusive regiões polares.

Há ainda debates sobre como essas estratégias influenciam a longevidade. Animais com metabolismo mais lento, como os ectotérmicos, em alguns casos parecem envelhecer mais devagar, mas isso não significa que realmente vivam mais.

Fatores como pressão predatória, genética e ambiente têm grande peso na expectativa de vida. A termorregulação, portanto, pode ser uma peça do quebra-cabeça – mas não é, por si só, determinante.

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Quais animais têm sangue quente e frio?

Embora existam milhares de espécies com diferentes estratégias de regulação térmica, alguns exemplos ajudam a ilustrar bem as principais diferenças entre animais de sangue quente e sangue frio:

Animais de sangue quente (endotérmicos):

  • Leão (Panthera leo): mamífero predador que pode caçar durante o dia ou à noite, graças à sua capacidade de manter o corpo aquecido independentemente da temperatura externa.
  • Morcego (Chiroptera): pequeno mamífero voador que regula sua temperatura mesmo em voos noturnos e alimentações constantes.
  • Pinguim-imperador (Aptenodytes forsteri): aves como os pinguins mantêm a temperatura corporal estável mesmo em ambientes extremamente gelados da Antártida.
Pinguim-imperador. (Imagem: Dennis Stogsdill/Shutterstock)

Animais de sangue frio (ectotérmicos):

  • Cobra (Boidae e Colubridae): precisam se aquecer ao sol antes de sair para caçar; sua atividade é altamente dependente da temperatura externa.
  • Jacaré (Alligator mississippiensis): reduz a atividade durante o frio e fica imóvel por horas, usando a energia de forma extremamente eficiente.
  • Tartaruga-verde (Chelonia mydas): nada longas distâncias, mas alterna períodos de intensa atividade com descanso, aproveitando o calor da água ou do sol.
Imagem mostra um jacaré-norte-americano de boca aberta, ele tem uma das mordidas mais fortes entre os répteis
Jacaré. (Imagem: ventdusud / Shutterstock)

Sangue quente vs sangue frio

Animais de sangue frio realmente têm baixa temperatura no sangue?

Não exatamente. Sangue “frio” e “quente” são expressões populares que se referem à forma como o animal regula sua temperatura, e não à temperatura real do sangue. Um animal de ectotérmico pode atingir altas temperaturas se estiver em um ambiente quente, enquanto um endotérmico pode ter sua temperatura corporal reduzida em situações como hibernação. Esses termos surgiram porque os ectotérmicos costumam ter o corpo frio ao toque, o que levou à ideia de que seu sangue também seria frio – já os endotérmicos mantêm o corpo aquecido o tempo todo, reforçando a ideia de “sangue quente”.

Um animal de sangue quente pode se alimentar de um de sangue frio?

Sim, isso acontece com frequência – aves, mamíferos e até répteis carnívoros comem animais ectotérmicos. O contrário também pode ocorrer: jacarés e cobras, por exemplo, podem se alimentar de aves ou pequenos mamíferos.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/04/23/ciencia-e-espaco/por-que-ha-animais-de-sangue-quente-e-frio/