
Em entrevista à Globonews nesta quarta-feira (30), a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reagiu com firmeza à formalização da federação entre União Brasil e PP, que ocorreu com forte simbolismo político e aproximação ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo apurou o jornal O Globo, a petista declarou que os líderes das duas legendas, Antônio Rueda (União) e Ciro Nogueira (PP), precisam esclarecer as “contradições” da nova aliança — especialmente considerando que ambas as siglas seguem com ministérios no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Queremos continuar contando com a base parlamentar deles no Congresso, como temos contado até agora. Em relação às contradições, eles é que têm que se explicar. Acho que há muito mais problemas entre eles do que entre eles e conosco. Vamos esperar para ver o que acontece, para ver se vão se comportar direitinho”, afirmou Gleisi, em tom irônico, ao ser questionada sobre os vínculos da nova federação com Bolsonaro.
A federação União-PP nasce como a maior força política do Congresso Nacional, reunindo 109 deputados federais, 14 senadores, seis governadores e 1.330 prefeitos. Apesar do protagonismo político, o evento de lançamento contou com a presença de figuras da oposição, como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da legenda bolsonarista na Câmara. Nenhum representante do PT compareceu à cerimônia.
Atualmente, o União Brasil comanda três ministérios no governo Lula: Turismo (Celso Sabino), Comunicações (Juscelino Filho) e Integração e Desenvolvimento Regional (Waldez Góes). Já o PP controla a pasta do Esporte, sob responsabilidade do ministro André Fufuca.
A aproximação com Bolsonaro, além da simbologia do lançamento, inclui articulações políticas de bastidores. Tanto Rueda quanto Nogueira tentam costurar um entendimento com o ex-presidente com vistas à eleição de 2026. Para o Planalto, essa movimentação é vista com cautela, sobretudo porque a aliança, por exigência legal, deverá atuar como um partido único pelos próximos quatro anos — o que tende a acirrar divergências internas entre alas mais governistas e setores oposicionistas.
Além do gesto político, a nova federação divulgou um manifesto com viés liberal, propondo “um choque de prosperidade” e menor intervenção estatal na economia — posicionamento que contrasta com a visão desenvolvimentista tradicional dos governos petistas. O documento reforça as diferenças ideológicas entre os partidos agora federados e a gestão atual, alimentando incertezas sobre a estabilidade da aliança com o governo.
Dentro da base do Planalto, a movimentação é vista com desconfiança, mas ainda sem medidas reativas. A estratégia, por ora, é aguardar os desdobramentos e cobrar coerência dos aliados que ocupam espaço na administração federal. Como resumiu Gleisi Hoffmann, “eles é que têm que se explicar”.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/apos-aproximacao-uniao-e-pp-com-bolsonaro-gleisi-cobra-explicacoes-sobre-aliancas-contraditorias/