1 de maio de 2025
Lula intervém no INSS, troca comando e tenta conter avanço
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Diante de um escândalo bilionário de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou uma intervenção no órgão e anunciou a troca de comando.

A decisão, noticiada pelo jornal Estado de São Paulo, Estadão, foi tomada após a revelação de que aposentados e pensionistas vinham sofrendo descontos indevidos em seus benefícios, em um esquema que desviou cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, segundo estimativa da Polícia Federal.

O procurador federal Gilberto Waller Júnior foi nomeado para assumir a presidência do INSS no lugar de Alessandro Stefanutto, exonerado após as primeiras revelações do caso. Paralelamente, Lula determinou o aprofundamento das investigações e pediu à Advocacia-Geral da União (AGU) que processe as entidades envolvidas e assegure o ressarcimento às vítimas.

“Determinei à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas”, declarou Lula em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV na noite do Dia do Trabalhador, 1º de Maio. O presidente ressaltou que foi seu governo quem identificou e denunciou o esquema.

Nos bastidores, o Palácio do Planalto se movimenta para conter o avanço da chamada “CPI do Roubo dos Aposentados”, proposta pela oposição e já subscrita por 185 parlamentares — 14 a mais do que o mínimo necessário para sua instalação. Entre os apoiadores, 81 pertencem a siglas que integram a base do governo e controlam ministérios, como União Brasil (25 assinaturas), PP e Republicanos (36 somadas), MDB (11) e PSD (9).

Diante da ameaça de desgaste político às vésperas do ciclo eleitoral de 2026, Lula e sua equipe articulam para convencer aliados a retirarem as assinaturas. A expectativa é que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), contribua para engavetar o requerimento da oposição.

A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, já adiantou a linha de defesa do governo. Segundo ela, parte das entidades sob investigação foi credenciada durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Se não me engano, de 11 entidades investigadas, cinco ou seis foram credenciadas exatamente no governo Jair Bolsonaro”, afirmou.

Mesmo com a crise, Lula decidiu manter Carlos Lupi à frente do Ministério da Previdência, numa tentativa de preservar o apoio do PDT. Segundo o Planalto, a responsabilidade direta recai sobre a estrutura interna do INSS, o que justificaria a intervenção e não a troca do ministro.

Em resposta imediata, o Ministério da Previdência anunciou que parte dos valores descontados de forma irregular será devolvida na próxima folha de pagamento. Ainda assim, o governo busca um mecanismo jurídico para viabilizar o ressarcimento integral aos beneficiários.

A crise no INSS ocorre em meio à queda de popularidade de Lula, acendendo alertas no núcleo político do governo, que vê na resposta rápida uma tentativa de controlar os danos e impedir que o escândalo contamine o discurso eleitoral do presidente, já projetado para 2026.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-intervem-no-inss-troca-comando-e-tenta-conter-avanco-de-cpi-apos-escandalo-de-fraudes/