
O tradicional ato de 1º de Maio organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) no ABC paulista começou com um chamado direto à mobilização digital em defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com reportagem de O Globo, os organizadores montaram dois telões ao lado do palco principal, no Paço Municipal de São Bernardo do Campo, incentivando o público a acessar um site e se cadastrar em uma “rede de militância nacional”. A proposta, segundo o material divulgado, é fortalecer a comunicação pró-governo nas redes sociais, enfrentando o desgaste causado por críticas à gestão petista.
A convocação se dá em um momento delicado para o Planalto, pressionado por investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União sobre fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e pelo aumento no custo dos alimentos. Mesmo com dados positivos na economia, como o recuo do desemprego, dirigentes do PT demonstram incômodo com a dificuldade de traduzir esses avanços em apoio popular.
Entre as bandeiras políticas destacadas no evento estão a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, ainda em tramitação no Congresso, a redução da taxa básica de juros e o fim da escala 6×1. Esta última ganhou força após o pronunciamento do presidente Lula em cadeia nacional de rádio e TV, no qual apoiou abertamente a pauta. A proposta de emenda constitucional que trata da jornada é de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e tem como referência o movimento “Vida Além do Trabalho”.
Apesar do peso simbólico do ato no berço político de Lula, o presidente decidiu não comparecer neste ano. A agenda oficial do feriado foi dividida entre dois grandes eventos: além do ato da CUT no ABC, há uma mobilização conjunta na Praça Campo de Bagatelle, na zona norte da capital paulista, promovida por outras centrais como Força Sindical, UGT, CTB e Nova Central. A CUT figura como “convidada” nesse segundo evento.
A ausência do petista frustrou parte da militância, especialmente após rumores de que ele faria uma aparição de última hora, como ocorreu em outros anos. Em 2024, Lula se irritou com a baixa adesão em um evento realizado no estádio do Corinthians, em Itaquera, que reuniu cerca de 1,6 mil pessoas segundo estimativa da USP. O presidente delegou este ano a participação aos ministros Luiz Marinho (Trabalho), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) e Cida Gonçalves (Mulheres).
A programação no ABC começou às 10h, com entrada condicionada à doação de 2kg de alimentos não perecíveis. O encerramento está previsto para as 21h. A expectativa é reunir cerca de 30 mil pessoas, com segurança garantida pela Guarda Civil Municipal. Para atrair público, a CUT promove uma série de shows com artistas populares como Belo, Pixote, Felipe Araújo e Fernando & Sorocaba. Ao contrário das demais centrais, a entidade não aderiu à estratégia de sorteio de carros, considerada “espetaculosa”.
Além dos shows, representantes de 23 sindicatos se revezam em discursos ao longo do dia. Também são esperadas as falas dos prefeitos Marcelo Lima (Podemos), de São Bernardo, e Marcelo Oliveira (PT), de Mauá. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges Júnior, deve discursar antes do ministro Luiz Marinho.
Nos estandes espalhados pelo espaço do evento, faixas e banners reforçam a defesa da isenção do IR, o fim da escala 6×1 e o combate aos juros altos. A carestia, tema de nota conjunta divulgada no início do mês pelas centrais sindicais, foi deixada de fora do material oficial da CUT neste 1º de Maio.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/1o-de-maio-na-terra-de-lula-tem-apelo-por-militancia-conectada-e-foco-na-defesa-do-governo/