A Polícia Federal investiga a origem de US$ 199,6 mil em espécie — o equivalente a mais de R$ 1,1 milhão — encontrados no apartamento do agente Philipe Roters Coutinho, um dos principais alvos da Operação Sem Desconto, que apura um esquema bilionário de fraudes em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A informação foi revelada pelo portal Metrópoles, que acompanha o caso desde as primeiras denúncias.
O dinheiro foi localizado durante cumprimento de mandado de busca e apreensão no apartamento de Coutinho, no Jardim Paulista, bairro de alto padrão na capital paulista. Além da quantia em dólar, os agentes apreenderam relógios de luxo, uma pedra de esmeralda e outras gemas semelhantes a pérolas e esmeraldas, além de armas e munições — parte delas encontrada no quarto da filha do agente, conforme relataram os policiais.
Os rendimentos de Coutinho, que atuava no posto da PF no Aeroporto de Congonhas, são considerados incompatíveis com os valores e itens encontrados. A suspeita é de que os bens tenham ligação direta com o esquema de fraudes contra aposentados, que aplicava descontos indevidos em benefícios do INSS por meio de convênios com entidades fantasmas ou controladas por laranjas.
A operação, deflagrada pela Polícia Federal em 23 de abril, envolveu o cumprimento de 211 mandados de busca e apreensão, 6 de prisão preventiva e ordens de sequestro de bens que somam mais de R$ 1 bilhão.
Escolta irregular e conexões com empresário investigado
Outro episódio sob investigação envolve o uso indevido de uma viatura oficial da PF por Coutinho. Segundo revelou o Metrópoles, o agente escoltou pessoalmente, em 28 de novembro de 2024, o empresário Danilo Trento e o então procurador-geral do INSS, Virgílio Oliveira Filho, até uma aeronave privada na área restrita de um aeroporto.
Trento tornou-se conhecido nacionalmente durante a CPI da Covid no Senado, em 2021, quando era diretor da empresa Precisa Medicamentos e passou a ser investigado por suspeitas nas negociações da vacina Covaxin com o Ministério da Saúde. Agora, ele é apontado como beneficiário de R$ 990 mil em pagamentos feitos por Maurício Camisotti, empresário suspeito de comandar três entidades por meio de laranjas. Juntas, essas entidades teriam movimentado R$ 580 milhões aplicando descontos irregulares sobre aposentadorias.
A Polícia Federal também identificou viagens com perfil suspeito realizadas por Coutinho, incluindo deslocamentos com passagens compradas em cima da hora e voos bate-volta, especialmente para Brasília.
Afastamentos e desdobramentos
Como resultado da operação, a Justiça determinou o afastamento de Philipe Coutinho de suas funções na Polícia Federal por seis meses. Também foram afastados o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, o procurador Virgílio Oliveira Filho e os diretores Geovani Spiecker, Vanderlei dos Santos e Jucimar da Silva. Stefanutto foi exonerado do cargo no mesmo dia.
A investigação, iniciada a partir de reportagens publicadas pelo Metrópoles a partir de dezembro de 2023, segue em andamento. A PF concentra agora os esforços na análise de documentos e materiais apreendidos, com foco no rastreamento financeiro dos envolvidos e na recuperação dos recursos desviados.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/pf-investiga-origem-de-us-199-mil-em-especie-achados-com-agente-ligado-a-fraudes-contra-aposentados-do-inss/
