3 de maio de 2025
Comissão da Alerj promove audiência para discutir combate ao racismo
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Em alusão ao Abril Verde — mês dedicado à luta contra o racismo religioso — a Comissão de Combate às Discriminações da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) realizou esta semana uma audiência pública com o objetivo de discutir estratégias de enfrentamento à intolerância religiosa e de valorização das religiões de matriz africana. A iniciativa foi conduzida pelo deputado Professor Josemar (Psol), presidente do colegiado.

O evento também homenageou lideranças religiosas que enfrentam o preconceito e a violência. Segundo o Disque 100, canal de denúncias do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o número de violações aumentou mais de 80% entre 2023 e 2024.

No último ano, foram registrados 3.853 casos, sendo 764 somente na cidade do Rio de Janeiro — a segunda com mais ocorrências no país. Entre as religiões mais atingidas estão a Umbanda e o Candomblé.

Somente nos primeiros meses de 2025, o Disque 100 já contabilizou 178 denúncias de intolerância religiosa, das quais 60 ocorreram em São Paulo, 21 no Rio de Janeiro e 19 na Bahia.

“Acredito que essa é uma pauta de todos. Se estamos hoje em uma casa legislativa com um deputado negro, com a possibilidade de avançar nessas pautas, é porque muita gente lutou antes de nós. Quem é de Axé, diga que é. Quem é de Saravá, diga que é, porque é importante reafirmar a todo momento a nossa existência”, afirmou Professor Josemar.

A mesa de debates reuniu nomes como Silvana da Silva (Ilê de Oxum Apará), a defensora pública Luciana Motta (Coopera – Coordenadoria da Promoção e da Equidade Racial), e Kinny Kayode, representante da Comissão de Combate ao Racismo da OAB de São Gonçalo.

Silvana destacou o papel dos terreiros como centros de resistência e preservação da memória negra: “Não somos descendentes de escravos, somos descendentes de povos de ampla cultura. É por isso que defendo tanto a importância dos espaços de umbanda e candomblé.”

A defensora Luciana Motta ressaltou a atuação institucional em defesa de comunidades vulnerabilizadas: “Trabalhamos com casos individuais e coletivos, inclusive em escolas, onde muitos ainda têm medo de denunciar. Atuamos também na proteção de terreiros e quilombos, frequentemente vítimas de racismo ambiental.”

Já Kinny Kayode enfatizou a educação como ferramenta essencial na superação da intolerância: “Apesar dos avanços legais, ainda tentam apagar a nossa história. A fé que eu tenho é na educação como o principal instrumento para transformar essa realidade.”

Fonte: https://agendadopoder.com.br/comissao-da-alerj-promove-audiencia-para-discutir-combate-ao-racismo-religioso-no-abril-verde/