Tragédias como a que destruiu áreas imensas do Rio Grande do Sul têm, antes de mais nada, uma dimensão humana que não se consegue descrever em números, pois não se trata simplesmente de contar mortos e quantificar perdas materiais.
Estamos apenas no começo de um evento com grandes repercussões para o futuro, e consequências que ainda mal se conseguem avaliar para a prosperidade de um pedaço do Brasil. Um pedaço que é parte também de todos nós.
Podemos, sim, falar de uma conta que chegará a todos, pela escassez ou aumento de preços de gêneros de primeira necessidade, pela interrupção causada a setores industriais ou de serviços que têm contribuição relevante para o PIB, pela destruição de elementos importantes de infraestrutura, que demandam grandes somas e muito tempo de reconstrução, pelos impactos que a necessária ajuda governamental ao Rio Grande do Sul terá para as contas públicas, também as contas do governo federal, cuja política fiscal será, mais uma vez, colocada sob severa pressão.
Um dilúvio como esse deixa marcas muito mais profundas do que os números e a contabilidade de perdas. É a ideia da nossa vulnerabilidade diante da força dos elementos — não importa se a gente chama isso de mudança climática ou não –, e da dimensão — essa, sim, incalculável — do sofrimento humano.
E é nisto que temos de pensar neste momento.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/waack-tragedia-no-sul-nao-da-para-medir-em-numeros/