
A chegada de David Gamble, chefe interino da Coordenação de Sanções do Departamento de Estado dos Estados Unidos sob a administração de Donald Trump, provocou ruídos diplomáticos e políticos nesta segunda-feira (5), após divergências públicas sobre o verdadeiro objetivo de sua visita ao Brasil. As informações são da Folha de S. Paulo.
Segundo comunicado oficial da embaixada americana no Brasil, Gamble lidera uma delegação que participará de “uma série de reuniões bilaterais sobre organizações criminosas transnacionais” em Brasília. O texto informa que os encontros terão como pauta principal os programas de sanções dos EUA voltados ao combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas.
No entanto, a interpretação dada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal licenciado e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, é bastante diferente. Em suas redes sociais, Eduardo afirmou que a vinda de Gamble serviria para “discutir potenciais punições contra o ministro Alexandre de Moraes”, do Supremo Tribunal Federal (STF), em razão de suas decisões contra aliados do ex-presidente brasileiro. A publicação também sugeria que o representante norte-americano se encontraria com Jair Bolsonaro e com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
A versão de Eduardo provocou desconforto, e a embaixada dos EUA tratou de esclarecer publicamente o foco da missão diplomática. A divergência levou o parlamentar a reagir de forma incisiva. Durante participação no canal Programa 4 por 4, no YouTube, na noite de domingo (4), ele minimizou a credibilidade do comunicado da embaixada, afirmando que o corpo diplomático atual no Brasil ainda representa a gestão do presidente Joe Biden, adversário político de Trump.
— Os Estados Unidos já enviaram um novo embaixador para o Brasil? Não. Então, o corpo diplomático do governo americano no Brasil ainda é da administração Biden? Sim. Então, morreu já por aqui essa história — declarou Eduardo Bolsonaro.
Na mesma entrevista, o deputado licenciado mencionou encontros com integrantes do Departamento de Estado e da Casa Branca durante sua permanência nos EUA, embora tenha evitado divulgar nomes ou cargos dos supostos interlocutores. Também afirmou que novos representantes da área de segurança do governo Trump poderão vir ao Brasil em breve.
Apesar das alegações de Eduardo, o governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente sobre a visita de Gamble, tampouco sobre a possibilidade de encontros com políticos brasileiros fora da agenda diplomática formal. A movimentação ocorre em um momento de tensão institucional entre setores bolsonaristas e o Supremo Tribunal Federal, especialmente em razão da atuação do ministro Alexandre de Moraes em investigações sobre atos antidemocráticos.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/embaixada-dos-eua-desmente-eduardo-bolsonaro-sobre-missao-de-enviado-e-supostas-sancoes-a-moraes/