5 de julho de 2025
Novo ministro da Previdência declarou guardar em casa quase R$
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Designado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar o Ministério da Previdência Social após a saída de Carlos Lupi, o ex-deputado federal Wolney Queiroz declarou à Justiça Eleitoral, em 2022, manter em casa R$ 431 mil em dinheiro vivo. A informação consta em sua última prestação de contas como candidato à reeleição para a Câmara dos Deputados — disputa em que não obteve êxito.

A posse de valores em espécie, embora não constitua ilegalidade por si só, costuma acender alertas em órgãos de controle, como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Em 2021, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado chegou a aprovar um projeto de lei que restringe transações em espécie acima de R$ 10 mil e estabelece um limite máximo de R$ 300 mil para a posse de dinheiro em casa, justamente para dificultar práticas como lavagem de dinheiro. A proposta, no entanto, segue sem avanço significativo no Congresso.

Procurado por O Globo, que publicou a notícia, o novo ministro da Previdência não explicou por que mantinha uma quantia tão elevada em casa. Além do valor em dinheiro vivo, Queiroz declarou possuir participação em três empresas e ser proprietário de um apartamento em Caruaru (PE), avaliado em R$ 596,4 mil. O total de seus bens somava R$ 1,7 milhão em 2022 — uma queda em relação aos R$ 2,2 milhões declarados em 2018. Em 2006, o político havia registrado patrimônio de R$ 355,9 mil.

Antes de assumir o ministério, Wolney Queiroz era o secretário-executivo da própria pasta e sua nomeação é atribuída ao ex-ministro Carlos Lupi. Embora Lupi não seja formalmente investigado, sua permanência se tornou insustentável após vir à tona que ele teria sido alertado sobre as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), envolvendo descontos indevidos de contribuições sindicais em aposentadorias, e ainda assim não adotou medidas eficazes.

Em entrevista concedida ao Globo, Lupi admitiu ter recebido notificações sobre as irregularidades envolvendo fraudes em aposentadorias e pensões, mas não agiu para conter os desvios. Ele também foi o responsável pela indicação de Alessandro Stefanutto à presidência do INSS — servidor afastado após se tornar alvo de investigação da Polícia Federal.

Nas redes sociais, Lupi tentou se desvincular do escândalo: “Tomei a decisão [de deixar o cargo] com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso”, afirmou. “Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula.”

A nomeação de Wolney ocorre, portanto, sob o peso da crise que abalou a credibilidade do sistema previdenciário e em um momento em que o governo tenta recuperar a confiança da população em relação à gestão dos benefícios pagos pelo INSS.

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Fonte: https://agendadopoder.com.br/novo-ministro-da-previdencia-declarou-guardar-em-casa-quase-r-500-mil-em-dinheiro-vivo/