19 de agosto de 2025
Rendimento médio dos brasileiros atinge recorde histórico, aponta IBGE
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O rendimento médio mensal de todas as fontes no Brasil atingiu R$ 3.057 em 2024, o maior valor já registrado desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta quinta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O novo recorde supera o patamar anterior, registrado em 2014, de R$ 2.974.

O levantamento considera não apenas os rendimentos do trabalho, mas também de aposentadorias, pensões, aluguéis, programas sociais, aplicações financeiras, entre outras fontes. Em 2024, 66,1% da população brasileira — o equivalente a 143,4 milhões de pessoas — possuíam algum tipo de rendimento, frente a 64,9% no ano anterior.

De acordo com o analista do IBGE, Gustavo Geaquinto Fontes, o aumento da renda média foi impulsionado principalmente pela recuperação do mercado de trabalho. “Apesar de programas sociais importantes do governo terem contribuído para esse crescimento, a renda do trabalho foi fundamental para o aumento de todas as fontes de renda, ampliando sua participação no rendimento domiciliar”, avaliou.

A renda média mensal do trabalho chegou a R$ 3.225, também o maior valor da série histórica, com crescimento de 3,7% em relação a 2023, ano que já havia registrado alta de 7,2%. Por outro lado, os rendimentos oriundos de outras fontes, como aposentadorias, pensões, aluguéis e benefícios sociais, mantiveram-se praticamente estáveis, estimados em R$ 1.915.

Já os rendimentos classificados como “outros” — que incluem seguro-desemprego, rentabilidade de aplicações financeiras, bolsas de estudo, entre outros — alcançaram uma média de R$ 2.135, também um recorde. O crescimento foi de 12% frente a 2023 (R$ 1.907).

Entre os programas sociais, o destaque foi para o aumento no valor médio dos benefícios pagos, que chegaram a R$ 836 em 2024, o maior valor da série histórica. Em relação a 2023 (R$ 818), houve alta de 2,2%, e quando comparado a 2019 (R$ 484), o crescimento chega a 72,7%.

A pesquisa também revelou uma forte desigualdade regional. O menor rendimento médio foi registrado no Maranhão (R$ 1.078), enquanto o maior foi no Distrito Federal (R$ 3.276), resultando em uma diferença de R$ 2.198. Os estados das regiões Norte e Nordeste continuam entre os que apresentam os menores rendimentos, enquanto os maiores concentram-se no Sul e Sudeste.

Mais brasileiros recebem programas sociais

Outro ponto de destaque no levantamento foi o aumento da população beneficiária de programas sociais do governo federal. Em 2024, 9,2% da população declarou receber algum benefício, uma alta de 0,6 ponto percentual em relação a 2023 e de 2,9 pontos na comparação com 2019, antes da pandemia.

O analista do IBGE, Gustavo Geaquinto Fontes, explica que essa expansão reflete tanto o aumento no valor dos benefícios quanto a ampliação no número de beneficiários. “Na relação entre 2024 e 2019, certamente o maior impacto aqui é do Bolsa Família, tanto pelo número total do contingente de beneficiários como pelo aumento do valor do benefício”, afirmou.

A trajetória do programa passou por transformações nos últimos anos. Durante a pandemia, medidas emergenciais como o Auxílio Emergencial e o BEm (Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda) ajudaram a reduzir os impactos da crise. Em 2021, o Bolsa Família foi substituído pelo Auxílio Brasil. Já em 2023, no início do novo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o programa foi reformulado e relançado como Novo Bolsa Família, com valor mínimo de R$ 600 e adicionais para crianças, adolescentes e gestantes.

Apesar do avanço nos valores, o percentual de domicílios que recebiam o Bolsa Família caiu ligeiramente de 19% em 2023 para 18,7% em 2024. Ainda assim, o índice é superior ao de 2019 (14,3%) e 2020 (7,2%).

Desigualdade cai, mas disparidades permanecem

O estudo também revelou uma melhora no Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita, que caiu em todas as grandes regiões do país, exceto o Sul. O índice, que mede a desigualdade de renda — sendo 0 a igualdade plena e 1 a máxima desigualdade — atingiu seu menor nível na série histórica.

Segundo o IBGE, essa melhora foi puxada por fatores como o dinamismo do mercado de trabalho, os reajustes no salário mínimo e a ampliação dos programas sociais.

Ainda assim, a concentração de renda no país segue elevada. Os brasileiros com maiores rendimentos ganhavam, em média, 13,4 vezes mais do que os 40% da população com menores rendimentos.

“Houve um aumento do rendimento médio domiciliar per capita e houve uma melhoria na distribuição. Mas o Brasil ainda está, inegavelmente, bastante desigual se compararmos com diferentes indicadores”, conclui Gustavo Geaquinto Fontes.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/rendimento-medio-dos-brasileiros-atinge-recorde-historico-aponta-ibge/