4 de julho de 2025
Bolsa bate novo recorde histórico e dólar atinge menor valor
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O principal índice da Bolsa brasileira encerrou esta terça-feira (13) com forte valorização, renovando sua máxima histórica, em meio à divulgação de dados de inflação abaixo do esperado nos Estados Unidos e a uma trégua tarifária entre Washington e Pequim. Segundo a Folha de São Paulo, o Ibovespa subiu 1,75% e fechou o pregão aos 138.963 pontos, superando o recorde anterior de agosto de 2024. Durante o dia, chegou à máxima intradiária de 139.418 pontos.

O dólar também teve um desempenho expressivo: caiu 1,37% e terminou cotado a R$ 5,606, no menor patamar desde outubro do ano passado. O movimento reflete o apetite por ativos de maior risco, como os brasileiros, diante de uma conjuntura global considerada mais favorável.

Um dos principais gatilhos do otimismo foi a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. A inflação de abril subiu apenas 0,2%, abaixo da expectativa de 0,3%, após uma queda de 0,1% em março. No acumulado de 12 meses, o avanço foi de 2,3%, levemente abaixo dos 2,4% esperados.

“O dado diminui a pressão sobre o Fed [Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos] e reforça a tese de que, mesmo com os riscos inflacionários por causa das tarifas do presidente Donald Trump, os juros devem permanecer estáveis por mais tempo”, avaliou Lucas Almeida, sócio da AVG Capital.

O economista da StoneX, Leonel Mattos, reforça que, apesar da inflação ainda estar sob controle, esse pode ser o último dado mais “brando” nos próximos meses. “O CPI de abril não trouxe indícios claros do impacto do choque tarifário ao consumidor, exceto, talvez, no setor de passagens aéreas. Mas a expectativa é que principalmente produtos eletrônicos e automóveis se façam sentir daqui para frente”, disse.

Outro fator que contribuiu para o otimismo foi o anúncio de um acordo comercial entre Estados Unidos e China, negociado durante o fim de semana em Genebra. Pelos termos acertados, os EUA reduzirão por 90 dias as tarifas adicionais sobre produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China diminuirá de 125% para 10% as tarifas sobre produtos norte-americanos e se comprometeu a suspender medidas não tarifárias contra os EUA.

A trégua ajudou a aliviar os temores de uma possível estagflação nos Estados Unidos, isto é, a combinação de crescimento fraco com inflação alta. A leitura do mercado é de que esse novo ambiente pode favorecer a manutenção ou até o corte das taxas de juros americanas, o que tende a beneficiar mercados emergentes, como o Brasil.

No plano doméstico, investidores também repercutiram a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira. O documento confirmou o tom conservador do Banco Central, que recentemente elevou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano. O comitê reforçou a necessidade de manter os juros elevados por mais tempo para conter pressões inflacionárias, mas indicou que pode haver uma pausa no ciclo de aperto nas próximas reuniões.

“Foi um tom duro, mas não tão duro quanto o das últimas atas. O BC está reforçando o compromisso em perseguir a meta de inflação, o que é uma boa sinalização para o mercado, e também fez alguns apontamentos de que pode pausar o ciclo de aperto na próxima reunião”, comentou Pedro Moreira, sócio da One Investimentos.

Para analistas, a combinação de fatores internacionais e domésticos cria um ambiente de maior confiança no curto prazo, ainda que persistam incertezas sobre os efeitos futuros das tarifas e o ritmo de crescimento global. O comportamento da inflação nos próximos meses, especialmente nos EUA, seguirá como elemento-chave para o rumo dos mercados.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/bolsa-bate-novo-recorde-historico-e-dolar-atinge-menor-valor-em-sete-meses/