
Nesta sexta-feira (23), no Teatro Arthur Azevedo, às 21h, estreia A Árvore, o primeiro solo estrelado por Alessandra Negrini. Escrito por Silvia Gomez, o espetáculo dá voz a uma mulher em processo de reflexão após ganhar uma pequena planta e ver-se sozinha com ela em sua residência. A temporada segue no sábado, dia 24, também às 21h, e no domingo, dia 25, às 19h.
Após enraizar-se nas profundezas de São Paulo, onde estreou em 15 de agosto de 2024, o primeiro monólogo de Alessandra Negrini foi plantado pelo Nordeste brasileiro e encerrará sua rota no magnífico Teatro Arthur Azevedo, o segundo mais antigo de todo o Brasil.
Este ano o espetáculo partiu numa circulação pelo Nordeste, emocionando plateias em:
- João Pessoa – Teatro Paulo Pontes (27–28 mar)
- Fortaleza – Teatro Brasil Tropical (05–06 abr)
- Salvador – Teatro Jorge Amado (11–13 abr)
- Recife – Teatro do Parque (16–17 mai)
A obra tem dramaturgia de Silvia Gomez, direção de Ester Laccava e produção de Gabriel Fontes Paiva e Alessandra Negrini. Mirella Brandi (luz), Camila Schimidt(cenário), Ana Luiza Fay (figurinos) e Morris (trilha sonora) integram o grupo de criativos.
O projeto de Alessandra Negrini e Gabriel Fontes Paiva possui uma jornada bem-sucedida. A obra estreou durante a pandemia de forma on-line e, depois, foi transformado em um longa-metragem que está sendo distribuído pela O2 Filmes. A peça foi convidada para participar do Festival Mujeres en Escena por La Paz, na Colômbia, em 2021. Além disso, fez parte da programação da MOBR em Portugal e da Mostra Internacional de Teatro – MIT-SP. Também no ano de 2021, o texto do espetáculo foi publicado pela Editora Cobogó. Ano passado, foi apresentado no Encuentro Internacional de Artes Escénicas Expandidas Yvyrasacha, em La Paz, Bolívia, e lido no Encuentro Iberoamericano de Dramaturgia, no evento Punto Cadeneta Punto, organizado por Umbral Teatro em Bogotá, Colômbia.
Alessandra Negrini dá vida à personagem A., que, sozinha em sua residência, dirige-se a um interlocutor não identificado para relatar uma reflexão interior iniciada quando ela ganha uma pequena planta de sua vizinha. Em um dia comum, ao tentar limpar sua prateleira, A. se vê presa à planta por um fio de cabelo e submerge em um processo, no qual transformar-se lentamente em algo desconhecido. Deixando para trás sua forma humana, tomada por novas sensações e percepções, A. narra fatos de seu cotidiano, se entrega a reflexões diversas transitam entre o lírico e o cômico.
Segundo a atriz, a peça é formada por inúmeras camadas dramatúrgicas. “A Árvore é um relato. Um relato de amor. A personagem nos conta a sua história, a sua aventura mais íntima e nos oferece o testemunho de ver o seu corpo se transformando em algo outro. As angústias e as alegrias dessa viagem viram palavras e imagens potentes que ela mesma cria. É uma escrita performática, uma página, uma peça, uma narrativa dessa metáfora de virar algo que não é mais si mesmo. A ideia de virar uma árvore lhe parece bela e necessária e não há mais como escapar”, relata.
A Árvore também é o primeiro monólogo escrito por Silvia Gomez, que teve sua inspiração para criar a personagem a partir de uma imagem. “Um dia, regando uma planta na estante, vi um fio do meu cabelo preso a ela. Pedi para meu filho fotografar e transformei o episódio em textos. Nesta peça, ele disparou a cena da metamorfose, elaborando a sensação de certa forma delirante de ter sido agarrada por aquela planta, como se ela tivesse algo a dizer”, conta.
Outra inspiração para a criação do texto veio de escriturar como o livro “Revolução das plantas”, do biólogo Stefano Mancuso. Para Silvia, a obra levanta questionamentos sobre nossa relação de amor e ruínas com a natureza e nosso planeta. “Mancuso fala sobre adotar a metáfora das plantas para pensar nosso futuro coletivo. Olhar para elas como forma de buscar novas perguntas – e respostas – para essa relação em vias de esgotamento”, ressalta.
“As personagens que escrevo são essas que, de repente, olham para a realidade, mas não cabem mais nela, adentrando então um espaço de delírio que, para mim, é na verdade, extrema lucidez. Um exercício de tentar elaborar o tremendo real por outra camada, reconhecendo nele as fissuras que nos permitem formular novas perguntas”, completa Silvia Gomez, que foi indicada ao Prêmio Shell de dramaturgia em 2019 por “Neste mundo louco, nesta noite brilhante”, e ao APCA de 2022, por “Gesto”.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/05/alessandra-negrini-encena-monologo-escrito-por-silvia-gomez-no-teatro-arthur-azevedo/