A Justiça dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira (20) o plano de reestruturação da Gol Linhas Aéreas, conforme informado pela própria companhia em fato relevante divulgado ao mercado. O documento destaca que a empresa espera concluir o processo de Chapter 11 — mecanismo americano similar à recuperação judicial brasileira — e sair da reestruturação já no próximo mês.
A notícia impulsionou fortemente as ações da Gol, que fecharam o pregão com alta de 12,09%, após disparada que chegou a 12% no meio do dia, levando à interrupção momentânea das negociações no mercado.
Durante o processo, a Gol afirmou ter avançado significativamente em sua posição competitiva, nos fundamentos financeiros e no desempenho operacional. A companhia projeta que, ao deixar a reestruturação, contará com uma forte posição de liquidez estimada em cerca de US$ 900 milhões.
Um dos pontos centrais da reestruturação foi a captação de US$ 1 bilhão via financiamento na modalidade DIP (Debtor in Possession), que concede prioridade aos novos credores, reforçando a liquidez e permitindo reinvestimentos na frota da empresa.
Além disso, a Gol garantiu um financiamento adicional de US$ 1,9 bilhão, junto a credores e investidores, com prazo de cinco anos, cujo montante será usado para pagar integralmente o DIP e garantir liquidez extra para a execução do plano de negócios.
Para encerrar o processo, está marcada para 30 de maio uma assembleia geral para aprovar o aumento de capital previsto no plano. O projeto inclui a conversão de até cerca de US$ 1,6 bilhão da dívida pré-existente e até US$ 850 milhões em outras obrigações em ações da companhia. Com isso, credores terão direito a adquirir papéis da Gol, respeitando o direito de preferência dos atuais acionistas. A Abra Group, controladora da Gol e da Avianca Colômbia, permanecerá como maior acionista indireta.
A reestruturação também contou com acordos importantes com credores. No Brasil, houve negociação com autoridades para redução de impostos e passivos não pagos, totalizando aproximadamente US$ 750 milhões (R$ 4,25 bilhões). Com arrendadoras de aeronaves, a Gol acertou um acordo de US$ 1,1 bilhão (R$ 6,2 bilhões) para cobrir despesas antes da devolução dos aviões arrendados.
Por fim, houve renegociação com a Boeing, que garantiu US$ 262 milhões (R$ 1,48 bilhão) em concessões e liquidez adicional até 2029, reforçando o equilíbrio financeiro da empresa.
O pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos foi protocolado pela Gol e suas subsidiárias em janeiro de 2024, no Tribunal de Falências de Nova York, diante de uma dívida acumulada estimada em R$ 20 bilhões.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/gol-tem-plano-de-recuperacao-aprovado-pela-justica-dos-eua-e-espera-sair-da-reestruturacao-em-junho/
