4 de julho de 2025
Crianças deveriam ter a sua infância preservada
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Não são apenas números. São crianças que deveriam ter a sua infância preservada, e que desde cedo precisam enfrentar violações acarretando com isso marcas profundas na alma, no corpo, na pele. A família de C.S.A, hoje com 21 anos, tenta se recuperar do trauma vivido pela pequena quando tinha apenas 9 anos.

No local onde eles moravam, na periferia de São Luís, um vizinho molestou C.S.A quando ela voltava da brincadeira com as colegas em uma rua próxima. Na época, os pais só foram saber quase 2 anos depois, porque uma amiguinha de C.S.A contou. “Nós não soubemos o que fazer, a não ser lidar com aquilo. Choramos e buscamos apoio nas instituições de amparo. Nossa filha tem atendimento psicológico, social e a gente vai seguindo a vida”, contou a mãe, que preferiu não se identificar.

Sociedade precisa se engajar

Neste mês de maio, as iniciativas de combate, conscientização, dentre outras formas de chamar a atenção para o problema, têm sido implementadas por diversos órgãos, instituições, sociedade civil organizada.

Ações que, como destaca o coordenador do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude (CAO-IJ), Gleudson Malheiros Guimarães, devem ser estendidas para sempre, não apenas no Maio Laranja, mês de combate à exploração e abuso sexual infantil no Brasil, e que devem ter a contribuição de toda a sociedade. “Precisamos do apoio da sociedade para isso, porque os órgãos, por mais que se dediquem, na maioria das vezes esses casos acontecem na clandestinidade, dentro de casa, pessoas que são conhecidas, um parente, mas ocorrem sem que ninguém tenha visto, sem que uma câmera tenha flagrado, então a investigação é um pouco mais complexa, daí a necessidade de a gente contar com apoio da população, da sociedade. A campanha é para mostrar para a sociedade que o problema existe e que todos podem contribuir para repressão dessa situação”, enfatiza o promotor Gleudson Malheiros.

Em um artigo publicado no site da Plan Internacional Brasil, Cynthia Betti, CEO da organização afirmou que o enfrentamento da violência sexual infantil exige o compromisso coletivo de todos os setores da sociedade.

Não podemos mais aceitar que o abuso e a exploração sexual sejam ignorados ou naturalizados. Cada caso não denunciado perpetua uma rede de violência invisível. Precisamos agir com firmeza, empatia e responsabilidade. Proteger nossas crianças é um dever de todos: governos, escolas, famílias, setor privado e organizações da sociedade civil”, declara Cynthia. “Importante reforçar a importância da denúncia por meio de canais como o Disque 100, que funciona 24 horas por dia, de forma gratuita e anônima”, complementa. “A gente não pede se descuidar de apenas responsabilizar os agressores, mas também de proteger a vítima, significa acionar todos os serviços de cuidados pra essa vítima de violência sexual, atendimento de saúde, psicossocial, acompanhamento na escola, acompanhamento pedagógico, medidas de proteção, ou até mesmo de um acolhimento institucional, entre outros”, destaca Gleudson Malheiros.

Promotor Gleudson Malheiros

Não podemos mais aceitar que o abuso e a exploração sexual sejam ignorados ou naturalizados. Cada caso não denunciado perpetua uma rede de violência invisível. Precisamos agir com firmeza, empatia e responsabilidade. Proteger nossas crianças é um dever de todos“, conclui.

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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/05/criancas-deveriam-ter-a-sua-infancia-preservada/