O Brasil gerou 257.528 vagas formais de trabalho no mês de abril, superando com folga as estimativas de analistas financeiros. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (28) pelo Ministério do Trabalho, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Segundo o jornal O Globo, a expectativa do mercado era a criação de cerca de 170 mil postos formais no período.
O saldo positivo do mês — resultado de 2.282.187 admissões contra 2.024.659 desligamentos — também superou os números de abril de 2024, quando foram geradas 239.886 vagas. No acumulado do ano, de janeiro a abril, o total de empregos criados chega a 922.362, enquanto nos últimos 12 meses o saldo é de 1.641.330 postos com carteira assinada.
O salário médio real de admissão também teve alta, alcançando R$ 2.286,82 em abril, um acréscimo de R$ 15,96 em relação ao mês anterior.
Economistas projetavam menos, mas mercado segue aquecido
O desempenho do mercado de trabalho surpreendeu analistas. “Pela segunda vez no ano, o Caged superou — e muito — as projeções dos analistas, reforçando a visão de que o mercado de trabalho continua aquecido no Brasil”, avaliou Flávio Serrano, economista-chefe do banco Bmg. A própria instituição previa a criação de aproximadamente 180 mil vagas para abril.
Segundo Serrano, o bom desempenho do mercado de trabalho contrasta com o cenário de desaceleração da economia brasileira. “Essa dinâmica extremamente robusta desafia o Banco Central na condução da política monetária”, afirmou.
Críticas à política de juros
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, voltou a criticar a atual taxa de juros definida pelo Banco Central. Durante coletiva nesta quarta-feira, ele afirmou que o governo tem feito um esforço considerável para manter a atividade econômica em curso. “Estamos fazendo quase um milagre para segurar a economia funcionando, porque de fato os juros estão excessivamente elevados”, disse.
Marinho alertou para a necessidade de o Banco Central “calibrar melhor a sua bússola” ao decidir sobre a política monetária. “Em algum momento, pode perder a nossa capacidade de segurar o funcionamento da economia como nós estamos segurando”, completou.
Programa de Alimentação do Trabalhador ainda em debate
O ministro também comentou o andamento das discussões sobre mudanças no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) e nos benefícios como vale-refeição e vale-alimentação. Marinho admitiu que o governo não conseguirá concluir o debate em maio, como inicialmente previsto, mas espera encerrar o processo até junho.
Setores e estados com maior geração de empregos
Todos os cinco principais setores da economia registraram saldo positivo no acumulado de 2025. O destaque foi para o setor de serviços, com a criação de 136.109 vagas. Em seguida aparecem:
- Comércio: +48.040 vagas
- Indústria: +35.068 vagas
- Construção: +34.295 vagas
- Agropecuária: +4.025 vagas
No recorte por estados, os maiores volumes de contratações ocorreram em:
- São Paulo: +72.283 vagas
- Minas Gerais: +29.083 vagas
- Rio de Janeiro: +20.031 vagas
Os dados reforçam a resiliência do mercado de trabalho formal no país, apesar das pressões externas e das dificuldades macroeconômicas. A evolução desse cenário deve influenciar diretamente as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), que se reunirá novamente nos dias 17 e 18 de junho para definir a nova taxa básica de juros.
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