
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta terça-feira (4), após a repercussão negativa causada pelo anúncio — e posterior recuo — do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), feito em maio. Segundo Lula, a medida não foi um erro da equipe econômica, mas sim uma tentativa de dar uma resposta rápida diante do momento político e das pressões sobre o equilíbrio fiscal.
— O [Fernando] Haddad, no afã de dar uma resposta logo à sociedade, apresentou uma proposta que ele elaborou na Fazenda. Se houve uma reação de que há outra possibilidade, nós estamos discutindo essa possibilidade — declarou o presidente.
O aumento do IOF sobre operações como compra de moeda estrangeira, uso de cartão internacional e remessas ao exterior foi anunciado em uma sexta-feira, com o objetivo de ampliar a arrecadação em cerca de R$ 20 bilhões. A reação negativa do mercado e a ameaça de derrubada do decreto pelo Congresso levaram o governo a recuar no mesmo dia sobre parte da proposta — especialmente no que dizia respeito à taxação de fundos exclusivos enviados ao exterior.
Lula minimizou a crise e elogiou a postura do ministro Haddad diante da situação:
— Eu não acho que tenha sido erro, não. Eu acho que foi um momento político. Em nenhum momento, o companheiro Haddad teve qualquer problema de discutir o assunto. A apresentação do IOF era o que eles tinham pensado naquele instante. Se aparece alguém com uma ideia melhor e topa discutir, vamos discutir.
Articulação com Congresso
O presidente afirmou que convocará uma reunião ainda nesta terça-feira para avaliar as novas medidas em discussão com a área econômica, que permanecem sob sigilo. O encontro deve incluir Haddad, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), além de líderes da base aliada.
— Eu sou favorável que não tenha segredo. Antes de qualquer medida que a gente mande para o Congresso Nacional, nós temos que reunir aqui as pessoas que são parceiras nisso. O presidente do Senado, da Câmara, os líderes dos partidos — destacou Lula.
Nos bastidores, a equipe econômica trabalha para apresentar um novo pacote que compense, ao menos em parte, a arrecadação frustrada com o recuo do IOF. O governo busca evitar medidas impopulares ou que gerem novo desgaste com o Legislativo.
Crise e recuo
O anúncio do aumento do IOF, feito no fim de maio, gerou forte reação no Congresso. Parlamentares passaram a se mobilizar para derrubar o decreto presidencial por meio de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) — algo que não ocorre desde o governo FHC, há mais de duas décadas.
Diante da pressão, o Palácio do Planalto recorreu ao diálogo com as lideranças do Congresso. Um acordo foi costurado, dando ao governo o prazo de dez dias para apresentar uma proposta alternativa. Esse prazo vence nesta semana.
As tratativas envolvem não apenas ajustes fiscais, mas também a reconstrução da relação entre Executivo e Legislativo, abalada pela falta de articulação prévia antes do anúncio da medida. O episódio revelou falhas de comunicação entre a Fazenda e o núcleo político do governo, e reforçou a importância de articulação institucional com as Casas legislativas antes de decisões sensíveis.
A expectativa é que, com o aval do presidente Lula, o novo plano fiscal seja divulgado ainda nesta semana, visando garantir previsibilidade às contas públicas e evitar nova turbulência política.
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