A Gol Linhas Aéreas finalizou oficialmente nesta sexta-feira (6) seu processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, encerrando o chamado Chapter 11, equivalente à recuperação judicial brasileira. A medida foi aprovada em maio pelo Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York, que supervisionou todo o processo.
Durante a reestruturação, a empresa captou US$ 1,9 bilhão em financiamento, valor utilizado para quitar o empréstimo DIP — concedido a companhias sob proteção judicial — e reforçar sua liquidez. A Gol também anunciou a redução de sua alavancagem e a conversão de parte da dívida em ações, por meio de uma capitalização de cerca de R$ 12 bilhões aprovada em Assembleia Geral Extraordinária.
Em comunicado divulgado após o fechamento do mercado — no qual a ação da Gol (GOLL4) encerrou o pregão em queda de 13,39%, cotada a R$ 1,10 —, o CEO Celso Ferrer afirmou que a companhia sai fortalecida do processo:
“Racionalizamos nossa frota, otimizamos nossos custos, redesenhamos nossa malha, aprimoramos nosso foco operacional e impulsionamos nossa eficiência administrativa (…). Estamos prontos para aproveitar as oportunidades que vemos no horizonte.”
Segundo Ferrer, a empresa investirá mais na experiência do cliente, abrirá novas rotas e pretende aumentar sua presença fora do Brasil. Hoje, cerca de 20% da receita da companhia vem de 16 rotas internacionais, e o plano é elevar esse índice para 25%, como forma de reduzir a exposição ao câmbio e ao preço dos combustíveis.
“Se hoje eu não estou encontrando esse passageiro o suficiente aqui no Brasil, eu pego ele em Buenos Aires”, afirmou Ferrer em entrevista à Bloomberg. A Gol pretende iniciar voos para Caracas, na Venezuela, já em agosto.
A estratégia internacional também visa compensar os desafios do mercado doméstico, como os altos juros e a inflação, que têm limitado os gastos dos consumidores. A movimentação ocorre em meio a um cenário difícil para o setor aéreo no Brasil — a Azul, por exemplo, entrou com pedido de Chapter 11 na semana passada e chegou a negociar uma possível fusão com a Gol.
Com o processo encerrado e um novo plano de negócios de cinco anos em curso, a Gol busca retomar protagonismo e ampliar sua competitividade em um setor ainda pressionado por custos e instabilidades financeiras.
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