
Como ortopedista especializado em cirurgia do pé e tornozelo, o Dr. Bruno Air tem acompanhado de perto a evolução das técnicas cirúrgicas para o tratamento de joanetes nos últimos anos.
A cirurgia percutânea de joanetes, também conhecida como minimamente invasiva, representa hoje uma das maiores revoluções na especialidade, transformando completamente a experiência dos pacientes e os resultados obtidos.
Neste artigo, ele reúne os dados mais atuais que mostram como essa técnica tem demonstrado resultados excepcionais em estudos nacionais e internacionais, consolidando-se como padrão-ouro para o tratamento do hálux valgo.
Confira as recomendações do Dr. Bruno Air e saiba como identificar quando a cirurgia percutânea pode ser indicada para joanetes!
Revolução no tratamento cirúrgico do joanete
A cirurgia percutânea para joanetes representa uma mudança paradigmática em relação às técnicas tradicionais.
Esta abordagem utiliza quatro ou cinco pequenos portais, de maneira espaçada, para realizar as osteotomias necessárias, empregando instrumentos especializados como a fresa percutânea para reposicionar o osso e corrigir a deformidade.
Uma questão que merece atenção é a capacidade desta técnica de realizar grandes correções através de incisões milimétricas, algo que era impensável há poucos anos.
A técnica M.I.C.A. (Minimally Invasive Chevron and Akin), desenvolvida por grupos europeus, trouxe uma inovação significativa ao realizar osteotomias muito mais estáveis, utilizando parafusos chanfrados para fixação.
Estes parafusos possuem a cabeça cortada, adequando-se perfeitamente à parte interna do osso metatarsal, proporcionando estabilidade superior às técnicas anteriores.
As micro-incisões de 2-3mm, guiadas por fluoroscopia em tempo real, permitem realizar todos os procedimentos necessários com precisão milimétrica.
Vantagens comprovadas da cirurgia percutânea de joanetes
As vantagens da cirurgia percutânea são múltiplas e bem documentadas na literatura científica.
Como especialista em cirurgia minimamente invasiva de joanetes, destaco consistentemente os seguintes benefícios:
- Menor dor pós-operatória.
- Cicatrizes mínimas e quase invisíveis.
- Menor inchaço e agressão aos tecidos.
- Retorno mais rápido às atividades.
- Possibilidade de operar ambos os pés simultaneamente quando necessário.
A recuperação mais acelerada é uma das características mais marcantes desta técnica. Diferentemente da cirurgia tradicional, onde o paciente ficava impossibilitado de apoiar o pé no primeiro mês pós-operatório, na técnica percutânea, o apoio é liberado desde a primeira semana, utilizando um calçado pós-cirúrgico especial.
Esta mudança fundamental tem impacto direto na qualidade de vida dos pacientes durante o período de recuperação.
O resultado estético também é notavelmente superior. As pequenas incisões ficam praticamente imperceptíveis após a cicatrização, contrastando com as cicatrizes de aproximadamente 5cm das técnicas abertas tradicionais.
Para muitos pacientes, sobretudo mulheres que representam a maioria dos casos, este aspecto estético tem grande importância psicológica e social.
Evidências científicas e estudos internacionais
A literatura científica internacional tem demonstrado consistentemente a eficácia da técnica MICA.
Um estudo retrospectivo incluindo 60 pés consecutivos submetidos à técnica MICA para hálux valgo severo demonstrou resultados impressionantes.
A média de idade foi de 59,9 anos, com seguimento médio de 20,5 meses. O score AOFAS aumentou de 41,2 para 90,9 pontos, e a escala visual analógica de dor diminuiu de 8,1 para 1,3 no último seguimento.
Os parâmetros radiográficos também mostraram correção significativa: o ângulo do hálux valgo diminuiu de 41,2° para 11,6°, o ângulo intermetatarsal de 17,1° para 6,9°, e o ângulo articular metatarsal distal de 17,9° para 7,8°. t
O encurtamento médio do primeiro metatarsal foi de 5,1mm e a translação plantar da cabeça metatarsal foi de 2,8mm, valores considerados aceitáveis clinicamente.
Um estudo prospectivo de seguimento de dois anos com 292 casos de cirurgia MICA demonstrou melhora significativa nas medidas de desfecho clínico, com baixa taxa de recorrência sintomática.
Este estudo, que acompanhou 333 pés consecutivos entre julho de 2014 e abril de 2018, utilizou questionários validados como MOXFQ, EQ-5D-5L e escalas visuais analógicas, demonstrando a eficácia clínica da técnica.
Epidemiologia e relevância no contexto brasileiro
O joanete representa um problema de saúde pública significativo. No mundo, a prevalência estimada é de 19%, com variações regionais importantes: 21,96% na Ásia, 18,35% na Europa, 29,26% na Oceania e 16,1% na América do Norte.
A condição afeta predominantemente mulheres, com prevalência de 23,74% contra 11,43% em homens, e aumenta com a idade, atingindo 22,7% em pessoas acima de 60 anos.
No Brasil, os dados são preocupantes. Pesquisas recentes indicam que aproximadamente 43% dos brasileiros sofrem desta condição, com mulheres sendo significativamente mais afetadas numa proporção de 9:1.
Um estudo da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé constatou que cerca de 30% da população brasileira apresenta algum grau de joanete.
A condição afeta aproximadamente 23% dos adultos entre 18 e 65 anos e até 36% dos indivíduos com mais de 65 anos no contexto nacional.
Esta alta prevalência torna a disponibilização de técnicas menos invasivas e mais eficazes uma necessidade premente para o sistema de saúde brasileiro.
Procedimento cirúrgico e técnica operatória
A técnica percutânea segue protocolos bem estabelecidos. O procedimento é realizado sob anestesia local com sedação ou raquianestesia, durando aproximadamente 30-40 minutos por pé.
O controle fluoroscópico contínuo é adotado para garantir precisão na realização das osteotomias e no posicionamento dos implantes.
- O primeiro passo consiste na realização de um pequeno portal no primeiro espaço intermetatarsal, através do qual o músculo adutor é seccionado, que perpetua as forças de deformação do joanete.
- Em seguida, fios-guia de aço são introduzidos, que orientarão o trajeto dos parafusos de fixação óssea.
- Após o posicionamento dos fios-guia, um novo portal é realizado na região do colo do metatarso, utilizando a fresa percutânea conectada a um motor de alta rotação para realizar a osteotomia tipo chevron. Esta configuração de corte proporciona maior estabilidade ao fragmento ósseo, permitindo correção eficaz da deformidade.
- A fixação é realizada com parafusos chanfrados especiais, que podem ficar completamente subsuperficiais, ou alternativamente, em casos selecionados, hastes metálicas temporárias são usadas, as quais são removidas após seis semanas.
Vale ressaltar que a escolha do método de fixação depende das características específicas de cada caso e das preferências do paciente após discussão detalhada dos prós e contras.
Indicações e contraindicações
A cirurgia percutânea tem indicações amplas, abrangendo desde casos leves até deformidades graves de joanete.
Em minha avaliação clínica, considero candidatos ideais pacientes com joanetes sintomáticos que causam dor ou dificuldade para calçar sapatos, independentemente do grau de deformidade.
A técnica também é eficaz para correção de metatarsalgia associada, ressecção de proeminências ósseas e diversos tipos de deformidades dos dedos.
Mas nem todos os casos são adequados para esta abordagem. Pacientes com expectativas irreais, aqueles com comprometimento vascular significativo do pé, infecções ativas ou condições médicas que impeçam a colaboração no pós-operatório podem não ser candidatos ideais.
A avaliação criteriosa de cada caso é fundamental para o sucesso do procedimento.
Em idosos com boa saúde geral, a cirurgia percutânea representa uma opção segura e eficaz, com aproximadamente 35% das pessoas acima de 65 anos apresentando joanetes.
A técnica minimamente invasiva é especialmente benéfica nesta população devido ao menor trauma tecidual e recuperação mais rápida.
Recuperação e cuidados pós-operatórios
O período de recuperação da cirurgia percutânea é notavelmente mais confortável comparado às técnicas tradicionais.
Os pacientes recebem alta hospitalar no mesmo dia, utilizando curativo especial e sandália pós-cirúrgica. O apoio precoce do pé operado é permitido conforme orientações específicas para cada caso.
A fisioterapia pode ser recomendada para otimizar os resultados, e o retorno ao uso de calçados normais ocorre de forma gradual.
Já quanto à realização de atividades de impacto, pode ser retomada a partir de três meses, mediante liberação médica.
Os cuidados pós-operatórios envolvem limpeza diária ao redor das incisões e, quando utilizada haste metálica, cuidados específicos para evitar deslocamento do implante.
O acompanhamento regular permite monitorar a evolução da cicatrização óssea e ajustar as atividades conforme necessário.
Complicações e taxa de sucesso
A literatura demonstra baixa taxa de complicações associadas à técnica MICA. No estudo de 60 pés consecutivos, a complicação mais observada foi o desconforto relacionado aos implantes, presente em 8,3% dos casos, com apenas dois casos de recorrência (3,3%).
Estes números são comparáveis ou superiores às técnicas tradicionais, considerando o menor trauma cirúrgico envolvido.
Em minha prática, observo que as complicações graves são raras quando a técnica é executada adequadamente e os cuidados pós-operatórios são seguidos rigorosamente.
A curva de aprendizado, estimada em aproximadamente 20 a 50 casos, é importante para otimização dos resultados.
A taxa de satisfação dos pacientes é elevada, refletindo não apenas a correção da deformidade, mas também a experiência pós-operatória significativamente mais confortável.
O impacto positivo na qualidade de vida, englobando aspectos sociais e psicológicos, é constantemente relatado pelos pacientes.
Futuro da cirurgia percutânea
A evolução contínua dos instrumentos e técnicas promete expandir ainda mais as possibilidades da cirurgia percutânea.
Estamos caminhando para intervenções cada vez menos invasivas, com instrumentos rotatórios e fresas cada vez mais especializadas.
A integração de tecnologias como navegação por imagem e planejamento pré-operatório digital pode aprimorar ainda mais a precisão dos procedimentos.
A formação de cirurgiões especializados nesta técnica é fundamental para sua disseminação adequada.
Como membro ativo da comunidade ortopédica, tenho participado de cursos e jornadas para compartilhar conhecimento e experiências, contribuindo para o avanço da especialidade no Brasil.
Perspectivas e conclusões
A cirurgia percutânea de joanetes representa hoje o que há de mais moderno e eficaz no tratamento desta condição tão prevalente.
A combinação de resultados clinicamente superiores, menor morbidade e maior satisfação dos pacientes estabelece esta técnica como padrão-ouro atual.
Em minha experiência como cirurgião especializado, posso afirmar que a técnica percutânea veio para ficar definitivamente.
Os avanços tecnológicos, o crescente corpo de evidências científicas e a formação continuada de especialistas garantem que cada vez mais pacientes tenham acesso a esta modalidade terapêutica revolucionária.
Para pacientes que sofrem com joanetes, recomendo buscar avaliação especializada para determinar a melhor abordagem terapêutica.
A cirurgia percutânea oferece hoje uma solução definitiva, segura e eficaz, permitindo retorno rápido às atividades e melhora significativa na qualidade de vida.
Como especialista comprometido com a excelência no tratamento, continuo dedicado a oferecer o que há de mais avançado nesta área, sempre priorizando o bem-estar e a satisfação dos meus pacientes.
Especialista em cirurgia do pé e tornozelo em Goiânia, o Dr. Bruno Air Machado é ortopedista, com especialidade em cirurgia do pé e tornozelo, é especialista no tratamento de várias condições patológicas relacionadas aos pés e tornozelos, com ênfase em cirurgia percutânea de joanetes.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/06/dr-bruno-air-destaca-as-vantagens-da-cirurgia-percutanea-de-joanetes/