
O programa nuclear iraniano está nos centros dos debates da mais nova guerra no Oriente Médio. O governo de Israel alega que iniciou os bombardeios contra o Irã com o objetivo de impedir que o país desenvolva bombas nucleares, o que ameaçaria a existência israelense.
Por outro lado, o Estado judeu possui um importante programa nuclear desde a década de 1950. E, apesar destes trabalhos terem sido mantidos sob sigilo por tanto tempo, acredita-se que o país tenha desenvolvido pelo menos 90 ogivas atômicas.
Programa nuclear de Israel não é vistoriado por nenhuma entidade internacional
A estimativa é da Federação de Cientistas Americanos e da Associação de Controle de Armamentos, ambas dos Estados Unidos (EUA). No entanto, há quem diga que o arsenal nuclear de Israel é ainda maior. O problema é que o país nunca reconheceu, ou negou, ter bombas atômicas. Além disso, ele é o único país do Oriente Médio a não assinar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Por isso, não se submete às inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da Organização das Nações Unidas (ONU).
Israel tem um programa nuclear que manipula, instrumentaliza e desenvolve à revelia da AIEA. Há uma abordagem enviesada do direito internacional. Para os inimigos, todo o rigor da Lei internacional e, para os parceiros, como Israel, notório violador do direito internacional, há uma retórica contemporizadora para suas ações ilegais.
Robson Valdez, professor de relações internacionais do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP)

Os primeiros reatores de Israel teriam sido fornecidos pelos Estados Unidos, no âmbito do programa “Átomos para a Paz”. O país, entretanto, teria iniciado a construção das bombas nucleares sem consultar o aliado. A CIA, por exemplo, diz que só descobriu o local da produção três anos depois, segundo a Agência Brasil.
Os EUA fizeram vista grossa. Temos também o problema, desde sempre, da cooptação das agências de segurança dos EUA pelo lobby israelense. Acredito que a CIA e o FBI não avisaram ao presidente americano, assim como não avisaram ao presidente Kennedy da situação real da invasão da Baía dos Porcos, em Cuba.
Ali Ramos, cientista político e especialista em história da Ásia e do mundo islâmico

Entre as diversas fontes que confirmam a existência do programa secreto nuclear de Israel está o alto funcionário da CIA Carl Ducketts. Em 1968, ele disse que o país “possuía três bombas atômicas, fabricadas com 200 libras de urânio enriquecido, contrabandeadas dos Estados Unidos”. Já o agente do Mossad, serviço secreto israelense, Ari Ben-Menashe, revelou que, entre 1968 e 1973, Israel fabricou 13 bombas atômicas, “cada qual com um poder destrutivo três vezes maior do que as que arrasaram Hiroshima e Nagasaki”.
Em 2008, o ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, revelou que o aliado possuía um arsenal da ordem de 150 ogivas nucleares. Outras fontes estimam que o arsenal pode chegar até a 300 bombas atômicas. O governo de Israel, no entanto, continua se negando a comentar sobre o assunto.
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Aumento das tensões no Oriente Médio
- O conflito entre Israel e Irã começou na última sexta-feira (13) e já deixou centenas de mortos.
- Os israelenses bombardearam diversos alvos iranianos, entre eles instalações nucleares, matando, inclusive, alguns líderes do governo do país.
- Tel Aviv alega que o objetivo dos ataques é acabar com o programa nuclear do Irã.
- Segundo o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, os iranianos podem ser capazes de construir bombas nucleares no futuro próximo, o que ameaçaria a existência israelense.
- Já Teerã considerou os bombardeios como “crimes de guerra” e garantiu que não pretende construir armas nucleares.
- O país retaliou lançando mísseis contra as principais cidades de Israel.
- O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, ainda disse que os ataques terão “consequências irreparáveis”.
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