26 de junho de 2025
Arrecadação federal bate recorde histórico e soma R$ 1,2 trilhão
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A arrecadação federal somou R$ 1,2 trilhão entre janeiro e maio de 2025, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (27) pela Receita Federal. O valor representa a maior entrada de recursos tributários para o período desde o início da série histórica, iniciada em 1995.

Esse foi o primeiro relatório de arrecadação publicado neste ano, em razão da paralisação de servidores da Receita, que enfrentou uma greve prolongada nos primeiros meses. O resultado recorde vem após o governo ter implementado uma série de medidas aprovadas pelo Congresso em 2023, com o objetivo de aumentar a receita e reduzir o rombo nas contas públicas.

Entre as principais ações estão a tributação de fundos exclusivos e offshores, a revisão de incentivos fiscais estaduais (as chamadas subvenções), a retomada da cobrança sobre combustíveis e a limitação do pagamento de precatórios — decisões judiciais de pagamento obrigatório.

Apesar do bom desempenho até maio, o governo ainda enfrenta desafios significativos no cumprimento da meta fiscal para este ano e para 2025. A derrubada pelo Congresso do decreto que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) retirou da projeção uma receita estimada em R$ 10 bilhões, considerada essencial para garantir o superávit de R$ 30 bilhões estabelecido para 2025.

Principais fontes do crescimento

De acordo com a Receita Federal, o aumento expressivo na arrecadação se deve, sobretudo, aos seguintes fatores:

  • Crescimento da arrecadação com o imposto sobre ganho de capital (IRRF – Capital), especialmente após a tributação de fundos exclusivos;
  • Alta na arrecadação de Cofins e PIS/Pasep;
  • Elevação do Imposto de Importação e do IPI, influenciada pela valorização do dólar e pelo aumento das alíquotas médias desses tributos.

O governo ainda estima que precisará de R$ 31,3 bilhões adicionais em receitas em 2025 para evitar um novo congelamento de despesas. A derrubada do decreto do IOF compromete esse esforço, uma vez que cerca de um terço da folga esperada viria justamente da medida rejeitada pelos parlamentares.

Risco fiscal e articulação política

A equipe econômica avalia alternativas para recompor a perda, seja por meio da criação de novas fontes de receita ou de cortes no orçamento. Nos bastidores, o governo também considera judicializar a questão do IOF, alegando que a decisão do Congresso fere dispositivos constitucionais.

A arrecadação robusta dá certo fôlego à Fazenda, mas não afasta a pressão sobre a execução orçamentária. A combinação entre metas ambiciosas de resultado primário e restrições políticas no Congresso coloca em xeque a capacidade do governo de cumprir os compromissos fiscais sem medidas adicionais.

Nos próximos meses, a articulação com o Legislativo e a consolidação das receitas extraordinárias serão fundamentais para que o Planalto mantenha credibilidade frente ao mercado e avance com a agenda de equilíbrio das contas públicas.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/arrecadacao-federal-bate-recorde-historico-e-soma-r-12-trilhao-ate-maio-e-o-melhor-resultado-para-o-periodo-em-30-anos/