
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), indicador amplamente utilizado para o reajuste de contratos de aluguel, registrou nova deflação em junho e caiu 1,67%, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (27) pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Trata-se de um recuo mais intenso do que o observado em maio, quando o índice havia caído 0,49%.
A queda também surpreendeu o mercado financeiro. As principais projeções do consenso Refinitiv apontavam para uma redução menor, de 1,02% no mês. No acumulado do ano, o IGP-M tem retração de 0,94%. Já em 12 meses, apesar da deflação recente, o índice ainda registra alta de 4,39%.
Em junho do ano passado, o IGP-M havia apresentado variação positiva de 0,81% e, na época, acumulava queda de 2,45% em 12 meses. O comportamento atual indica uma desaceleração mais ampla nos preços, tanto no atacado quanto no varejo.
Cenário de preços pressionados pela oferta agrícola
De acordo com Matheus Dias, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV Ibre), o resultado foi fortemente influenciado pelo desempenho do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede os preços no atacado e representa cerca de 60% da composição do IGP-M.
“A queda acentuada do IPA foi influenciada, principalmente, pelos produtos agropecuários, com recuo em 21 dos 27 itens que compõem o grupo. No varejo, os preços ao consumidor também refletiram a queda mais disseminada dos alimentos, sobretudo dos itens in natura”, afirma Dias.
Segundo ele, o avanço das safras agrícolas tem impulsionado expectativas de maior oferta, o que pressiona os preços para baixo em toda a cadeia de consumo. A redução dos custos ao produtor, portanto, se reflete diretamente nas gôndolas dos supermercados.
Na construção civil, por outro lado, os custos seguem pressionados por reajustes salariais. “Já na construção civil, os custos continuam sendo impactados pela mão de obra, em função dos reajustes salariais recentes”, complementa o economista.
Impacto sobre contratos e expectativas
O IGP-M é usado como referência para correções contratuais em diversos setores da economia, principalmente no mercado imobiliário, onde serve como base para o reajuste de aluguéis residenciais e comerciais. A deflação registrada em junho tende a aliviar os contratos corrigidos pelo índice, o que pode beneficiar inquilinos nas próximas renovações.
Além dos preços ao consumidor (medidos pelo IPC), o IGP-M também inclui o IPA (produtores) e o INCC (construção civil), formando um indicador abrangente sobre a dinâmica de preços em diferentes estágios da economia.
A continuidade do movimento de desaceleração dependerá de fatores como o comportamento climático sobre as próximas safras, as negociações salariais no setor da construção e a evolução da demanda interna. O resultado de junho reforça, no entanto, a tendência de alívio inflacionário em setores sensíveis ao consumo das famílias.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/com-preco-dos-alimentos-em-queda-igp-m-tem-nova-deflacao-e-surpreende-projecoes-do-mercado/