
A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (27) mais uma fase da Operação Sisamnes, que investiga um esquema de vazamento e comercialização de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ), com a participação de servidores públicos, advogados e operadores externos. Entre os alvos está o prefeito de Palmas (TO), Eduardo Siqueira Campos, que teve um mandado de prisão expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), além de um policial e um advogado.
A operação também cumpriu três mandados de busca e apreensão e impôs medidas cautelares diversas, todas autorizadas pelo STF e executadas na capital tocantinense.
A defesa do prefeito Eduardo Siqueira Campos informou que aguarda o recebimento das informações oficiais sobre o caso para se manifestar.
Segundo a Polícia Federal, o objetivo da nova fase é aprofundar as investigações sobre a atuação de uma organização criminosa responsável por acessar, articular e repassar, de forma sistemática, informações sigilosas de processos em tramitação no STJ. Esses vazamentos teriam impactado diretamente operações policiais em andamento.
Em nota, a corporação destacou: “a apuração revelou indícios de que informações confidenciais estariam sendo antecipadamente acessadas, articuladas e repassadas a investigados, com o envolvimento de agentes públicos, advogados e operadores externos”.
De acordo com os investigadores, o grupo teria utilizado esses dados sensíveis para proteger aliados políticos e econômicos, frustrar ações da Polícia Federal e ampliar sua rede de influência dentro do sistema judiciário.
Esquema milionário e redes de influência
As investigações da Operação Sisamnes vêm se aprofundando desde novembro de 2024, quando foram cumpridos 23 mandados de busca e um de prisão em diversos estados, incluindo São Paulo, Mato Grosso, Tocantins e o Distrito Federal. Na ocasião, foram alvos da ação advogados, lobistas, empresários, assessores de ministros e magistrados suspeitos de envolvimento no esquema de venda de decisões judiciais.
Entre os nomes investigados à época estavam os chefes de gabinete dos ministros Isabel Gallotti e Og Fernandes — Daimler Alberto de Campos e Rodrigo Falcão de Oliveira Andrade — e o assessor Márcio José Toledo Pinto, com histórico de atuação em diferentes gabinetes do STJ.
A ordem de prisão preventiva naquele momento foi contra Andreson Gonçalves, apontado como lobista que intermediava os interesses criminosos entre advogados e servidores públicos. Ele teria recebido R$ 6,5 milhões em transferências bancárias por meio de uma empresa ligada ao operador Diego Cavalcante, que chegou a sacar parte do montante em dinheiro vivo.
Obstrução e novas tentativas de interferência
A nova fase da operação mira especificamente alvos que teriam agido para obstruir a Justiça e atrapalhar o cumprimento de medidas judiciais executadas na quinta fase da Sisamnes, deflagrada nesta mesma semana. Segundo a PF, os atos praticados por essas pessoas foram considerados “graves” e configuram tentativa de embaraçar a investigação em curso.
O histórico da operação aponta para “riscos concretos” de vazamento de informações sobre processos sensíveis em andamento no STJ, com potencial para comprometer investigações relevantes conduzidas pela própria Polícia Federal.
A Operação Sisamnes, cujo nome faz referência a um juiz persa punido por corrupção, tem se consolidado como uma das mais complexas investigações sobre interferência indevida no Judiciário em curso no país. Novas fases não estão descartadas.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/prefeito-de-palmas-e-alvo-de-mandado-de-prisao-em-investigacao-que-apura-venda-de-decisoes-no-stj/