
O ato promovido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, neste domingo (29), gerou leituras contrastantes entre aliados e opositores. Enquanto dirigentes bolsonaristas minimizaram a baixa adesão e apontaram fatores externos para justificar o público reduzido, adversários políticos classificaram a manifestação como sintoma do enfraquecimento do ex-presidente.
Segundo levantamento do Monitor do Debate Político do Cebrap, em parceria com a ONG More in Common, cerca de 12,4 mil pessoas estiveram presentes no auge do evento, às 15h40. A contagem foi feita com o uso de drones e inteligência artificial. O número representa menos da metade do público reunido no mesmo local em abril, quando 44,9 mil apoiadores participaram de ato semelhante. Em março, em Copacabana, foram 18,3 mil pessoas.
Apesar da queda, aliados de Bolsonaro evitaram reconhecer abertamente um esvaziamento, informa ICL Notícias. O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido na Câmara, atribuiu a menor mobilização a fatores como o fim do mês e as férias escolares. “Nosso povo vem pagando passagem, Uber, alimentação. É o penúltimo dia do mês, isso pesa”, argumentou.
Líder do PL desafia esquerda a juntar mais gente nas ruas
O parlamentar também citou o jogo do Flamengo contra o Bayern de Munique, pela Copa do Mundo de Clubes, como um possível fator de desmobilização. “Mas faço um desafio à esquerda de colocar nas ruas um terço da quantidade de gente que nós colocamos”, provocou.
Outros bolsonaristas presentes no trio elétrico também evitaram fazer críticas ao tamanho da manifestação, destacando que o momento exige “resistência” diante dos processos enfrentados por Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal.
Líder do PT ironiza manifestação: “teve reza, teoria da conspiração”
A oposição, por sua vez, avaliou o ato como uma derrota política. Para o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT na Câmara, o esvaziamento simboliza a perda de influência do ex-presidente. “No ato esvaziado da Paulista, teve reza, teoria da conspiração, ataques ao STF, defesa de golpistas e até pedido de sanções contra o Brasil”, escreveu o parlamentar no X (antigo Twitter). Ele também ironizou a postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que trocou a tradicional camisa amarela por uma azul: “Tentou posar de moderado, mas repetiu o roteiro: atacou o PT e exaltou Bolsonaro. Está no mesmo barco.”
A concentração começou em frente ao Masp e não chegou a ocupar um quarteirão inteiro. Parte do público se espalhou até a altura da rua Peixoto Gomide, ocupando cerca de dois quarteirões no total. O ato foi encerrado por volta das 16h, após discurso de Bolsonaro. Na véspera, o ex-presidente já havia feito uma live com aliados na tentativa de impulsionar a adesão ao protesto.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/aliados-minimizam-baixa-adesao-a-ato-de-bolsonaro-enquanto-oposicao-fala-em-fiasco-politico/