Curupira é escolhido como mascote oficial da COP30 em Belém

A organização da COP30 divulgou nesta segunda-feira (30) a imagem oficial do mascote da cúpula climática da ONU: o Curupira, figura emblemática do folclore amazônico. A conferência será realizada em Belém (PA) entre os dias 10 e 21 de novembro deste ano.

Com cabelo de fogo, pés virados para trás, roupa de folhas e uma lança na mão, o personagem aparece cercado por uma explosão de flores e vegetação tropical, compondo uma identidade visual vibrante e alinhada à missão do evento. Segundo a organização da COP30, a escolha reforça o protagonismo da Amazônia nos debates globais sobre mudanças climáticas.

“O Curupira representa a força dos povos da floresta e a urgência de proteger os ecossistemas diante do aquecimento global”, afirma nota oficial da presidência brasileira da COP30. A figura mitológica — que, segundo o padre José de Anchieta, foi registrada pela primeira vez em 1560 — é conhecida por proteger animais e enganar caçadores com seus pés invertidos. A palavra vem do tupi-guarani: curumim (menino) e pira (corpo).

A escolha do personagem se insere no esforço do governo federal de destacar as comunidades amazônicas e os povos indígenas como protagonistas da luta contra a crise climática. No ano passado, o G9 — coalizão formada por representantes indígenas dos nove países da Amazônia — chegou a propor uma copresidência indígena da COP30, mas a ideia foi rejeitada.

Além do simbolismo, a imagem do Curupira cumpre papel educativo. A organização afirma que o personagem tem potencial para engajar o público jovem, reforçando valores de sustentabilidade e conexão com a natureza desde cedo.

A figura já havia sido homenageada oficialmente no passado. Em 1970, o então governador de São Paulo, Roberto Abreu Sodré, sancionou uma lei que tornava o Curupira o “símbolo estadual do guardião e protetor das florestas e dos animais”. No Brasil, o dia 17 de julho é celebrado como o Dia de Proteção às Florestas, data tradicionalmente associada ao personagem.

Na quarta carta internacional da presidência da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago destacou que a gestão sustentável das florestas, oceanos e da biodiversidade será um dos eixos centrais da conferência — atrás apenas da transição energética.

A poucos meses do evento, a escolha do mascote sinaliza a intenção do Brasil de dar à floresta e às populações que dela dependem um papel de destaque na agenda ambiental global.