
Um objeto misterioso, possivelmente vindo de fora do Sistema Solar, está chamando a atenção de astrônomos profissionais e amadores em todo o mundo. Se confirmada sua origem externa, o provisoriamente denominado A11pl3Z é apenas o terceiro corpo interestelar já identificado.
Os dois anteriores foram o asteroide ‘Oumuamua, descoberto em 2017, e o cometa Borisov, em 2019. O caso de ‘Oumuamua gerou bastante polêmica na época, por apresentar uma aceleração incomum, o que levou algumas pessoas a sugerirem que poderia ser uma nave alienígena. Essa hipótese, no entanto, foi posteriormente descartada.
O A11pl3Z foi observado pelo Deep Random Survey, um grupo de astrônomos amadores no Chile. Depois, cientistas encontraram registros anteriores, mostrando que o objeto já havia sido captado em 14 de junho pelo Sistema de Último Alerta para Impacto de Asteroides com a Terra (ATLAS, na sigla em inglês), da NASA, que monitora objetos que possam representar risco de colisão com o nosso planeta.
Segundo as análises iniciais, o objeto tem cerca de 20 km de largura e viaja a uma velocidade de aproximadamente 66 km/s. Com a força gravitacional do Sol, ele deve acelerar ainda mais. A previsão é que atinja o ponto mais próximo do Sol em outubro, passando a cerca de duas vezes a distância entre a Terra e a estrela. Depois disso, seguirá seu caminho para fora do Sistema Solar.
Candidato terceiro objeto interestelar é um asteroide ou um cometa?
Ainda não é possível determinar se A11pl3Z é um cometa, como Borisov, ou um asteroide, como ‘Oumuamua. Atualmente, ele está um pouco dentro da órbita de Júpiter, mas quase no lado oposto ao Sol, longe da influência gravitacional do planeta.
O grande diferencial desse objeto é sua excentricidade orbital, uma medida que indica o quão alongada é sua órbita. Corpos que orbitam o Sol têm excentricidade entre 0 e quase 1. Valores acima de 1 confirmam que o objeto veio de fora do Sistema Solar e não retornará. Enquanto o famoso ‘Oumuamua tinha excentricidade de 1,20, o A11pl3Z apresenta um valor estimado acima de 6, o que o torna muito mais extremo que os anteriores.
Astronomers may have just discovered the third interstellar object passing through the Solar System!
ESA’s Planetary Defenders are observing the object, provisionally known as #A11pl3Z, right now using telescopes around the world.
— ESA Operations (@esaoperations) July 2, 2025
De acordo com o site IFLScience, não há risco de colisão com a Terra. A passagem mais próxima do planeta, prevista para outubro, será de no mínimo 50 milhões de quilômetros.
No momento, o A11pl3Z está fraco demais para ser observado por telescópios amadores, mas deve ficar mais visível nas próximas semanas. O problema é que a melhor aproximação ocorrerá quando a Terra estiver mal posicionada para observá-lo, do outro lado do Sol.
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“Visitante” é capturado por observatório brasileiro
Por enquanto, a tecnologia atual não permite o envio de uma sonda para interceptá-lo. Em entrevista ao site New Scientists, o astrônomo Mark Norris, da Universidade de Lancashire Central, no Reino Unido, explicou que o objeto está viajando muito rápido para qualquer tentativa de aproximação.
A esperança é que, futuramente, missões como a Comet Interceptor, da Agência Espacial Europeia (ESA), com lançamento previsto para 2029, possam realizar esse tipo de investigação.
Até agora, mais de 100 observações de A11pl3Z foram relatadas ao Minor Planet Center (o órgão oficial responsável por catalogar tais objetos), que deve confirmar sua natureza interestelar ainda nesta quarta-feira (2) ou nos próximos dias.
Na noite de terça-feira (1), Cristóvão Jacques, membro do Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais (CEAMIG), da Rede de Astronomia Observacional (REA) e da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon), registrou imagens do objeto a partir do Observatório SONEAR, em Oliveira (MG).

A11pl3Z deve continuar visível até o final do ano, permitindo novas análises sobre sua trajetória e composição.
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