3 de julho de 2025
Enriquecimento de urânio permite muito mais do que a construção
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O urânio voltou ao centro do noticiário com a recente escalada nas tensões no Oriente Médio. O Irã foi acusado de enriquecer o elemento com o objetivo de desenvolver armas nucleares, o que motivou ataques de Israel e dos Estados Unidos contra o país.

No entanto, esta substância pode ser utilizada também para fins pacíficos. Ela desempenha, por exemplo, um papel fundamental na geração de energia. Além disso, pode ser utilizada na medicina para tratar algumas doenças.

Enriquecimento de urânio pelo Irã motivou confrontos no Oriente Médio (Imagem: FOTOGRIN/Shutterstock)

Elemento é radioativo

  • Em artigo publicado no portal The Conversation, André O. Hudson, professor do Instituto de Tecnologia Rochester, nos Estados Unidos, explica que o urânio ocupa a 92ª posição na tabela periódica.
  • Ele é um elemento metálico radioativo. 
  • No entanto, é importante destacar que a radioatividade não necessariamente está ligada a desastres naturais.
  • Este é um processo natural em que alguns átomos se decompõem por conta própria, liberando energia.
  • Durante o século XX, cientistas descobriram que os átomos de urânio podiam ser partidos por meio de um processo conhecido como fissão nuclear.
  • Isso abriu caminho para o uso do elemento para produção de eletricidade.
  • Hoje, a substância é encontrada em quase todos os lugares, até mesmo em plantas e animais, embora em quantidades mínimas.
  • A maior parte dela, no entanto, é encontrada na crosta terrestre, de onde é extraída e depois concentrado para aumentar a quantidade de sua forma radioativa mais útil, o urânio-235.

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A importância do urânio para a sociedade moderna

O professor explica que o urânio não processado é composto principalmente por urânio-238. Ele contém apenas aproximadamente 0,7% de urânio-235, o isótopo que permite que ocorra a maior parte da fissão nuclear. Portanto, o processo de enriquecimento concentra o urânio-235.

O urânio normalmente pode alimentar usinas nucleares e gerar eletricidade quando é enriquecido em 3% a 5%, o que significa que 3% a 5% do urânio é urânio-235. Com 20% de enriquecimento, o urânio-235 é considerado urânio altamente enriquecido, e 90% ou mais é conhecido como urânio para uso militar. Este alto grau de concentração é usado em armas nucleares porque pode sustentar uma reação em cadeia rápida e descontrolada, que libera uma grande quantidade de energia em comparação com os outros isótopos de urânio.

André O. Hudson, professor do Instituto de Tecnologia Rochester

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Substância pode ser usada para muito mais do que apenas criar armas nucleares (Imagem: Alones/Shutterstock)

Apesar dos temores relacionados ao uso militar, o elemento também desempenha um papel vital na vida moderna. Em baixos níveis de enriquecimento, a energia do urânio fornece quase 10% da eletricidade mundial. Além disso, algumas terapias contra câncer e tecnologias de diagnóstico por imagem utilizam urânio para tratar doenças.

O urânio tem uma história de dualidade. É um mineral extraído de rochas antigas que pode iluminar uma cidade ou apagá-la do mapa. Não é apenas uma relíquia da Guerra Fria ou da ficção científica. É real, é poderoso e está moldando nosso mundo – desde conflitos globais até clínicas de câncer, desde a rede de energia até a diplomacia internacional.

André O. Hudson, professor do Instituto de Tecnologia Rochester

Elemento é usado como combustível para reatores nucleares (Imagem: Christian Schwier/Shutterstock)

De acordo com o especialista, o urânio não pode ser demonizado ou visto como algo negativo. Na verdade, ele defende que o verdadeiro poder não está apenas na energia liberada pelo elemento., mas sim na forma como escolhemos usá-lo.

O post Enriquecimento de urânio permite muito mais do que a construção de bombas nucleares apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/07/02/pro/enriquecimento-de-uranio-permite-muito-mais-do-que-a-construcao-de-bombas-nucleares/