Lula exibe cartaz pedindo taxação dos super-ricos e reforça discurso de enfrentamento com Congresso

Durante as comemorações do 2 de Julho na Bahia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a colocar a justiça tributária no centro de sua agenda política. Em uma publicação nas redes sociais, Lula apareceu segurando um cartaz com a frase “taxação dos super ricos!” e escreveu na legenda: “mais justiça tributária e menos desigualdade. É sobre isso”.

A manifestação simbólica, divulgada nesta terça-feira (2), ocorreu no dia seguinte a um discurso emocionado feito pelo presidente em Brasília, durante o lançamento do Plano Safra 2025/2026. Lula criticou duramente a resistência de setores da elite econômica ao avanço de propostas que visam tornar o sistema tributário mais progressivo e redistributivo, cerne das propostas que encontram resistência no Congresso, que derrubou a proposta de aumento do IOF.

Lula volta a falar em rebelião dos ricos

“Quando a gente coloca que as pessoas que ganham mais de R$ 1 milhão têm que pagar um pouquinho mais, há uma rebelião”, afirmou o presidente. “Estamos querendo que 140 mil pessoas paguem uma parcelinha a mais para beneficiar 10 milhões de pessoas. É tão pouco…”, completou, em tom de lamento, diante das críticas que surgem contra a proposta de taxação de grandes fortunas.

Lula não poupou palavras ao denunciar o que classificou como “ganância” da elite financeira brasileira. Segundo ele, a resistência à redistribuição de renda se apoia não na ignorância, mas na recusa consciente de abrir mão de privilégios: “Todo mundo é muito bem informado, letrado. Só pode ser ganância, a desgraça da doença da acumulação de riqueza”.

Em sua fala, o presidente também respondeu às acusações de que os programas sociais seriam os vilões do desequilíbrio fiscal. Ele defendeu com veemência iniciativas como o Bolsa Família, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Pé-de-Meia, apontando-os como instrumentos fundamentais de cidadania. “Fico triste quando vejo as pessoas jogarem a culpa em cima dos doentes, do BPC, do Bolsa Família, do Pé-de-Meia, para garantir que 500 mil moleques que desistiam da escola para trabalhar não desistam”, declarou.

“Queremos apenas diminuir os privilégios”, diz Lula

Ao final do pronunciamento, Lula conclamou a sociedade e o Congresso Nacional para um novo pacto fiscal baseado na redução de privilégios e no fortalecimento da inclusão social. “Esse país será o que a gente quiser que ele seja. Para isso é preciso diminuir os privilégios”, disse. E resumiu seu compromisso com uma frase direta: “Ninguém está querendo tirar nada de ninguém. Queremos apenas diminuir os privilégios de alguns para dar um pouco de direitos para os outros”.

Com esse discurso, Lula sinaliza não apenas as prioridades de seu governo, mas também uma possível linha central para sua campanha à reeleição em 2026: justiça fiscal como caminho para combater a desigualdade estrutural do Brasil.

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