Globonews sugere que fala de Janja sobre TikTok teria feito Xi Jinping faltar à cúpula do BRICS

O presidente da China, Xi Jinping, não comparecerá à Cúpula do BRICS que acontece nos dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro. Esta será a primeira vez que o líder chinês se ausenta do encontro desde que assumiu o cargo, em 2013. A ausência provocou especulações, entre elas a levantada pela jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, que apontou uma possível ligação com um episódio envolvendo a primeira-dama Janja Lula da Silva durante visita oficial à China, em maio.

Durante participação no programa Estúdio i, nesta quarta-feira (2), Sadi afirmou: “É muito difícil desvincular o que aconteceu naquela viagem com a ausência do presidente chinês na Cúpula do BRICS”. Ela se referia a uma fala de Janja num jantar com Xi Jinping, na qual a primeira-dama teria comentado os efeitos negativos do TikTok — aplicativo controlado por uma empresa chinesa — no comportamento de jovens e na disseminação de conteúdos ligados à extrema-direita.

A repercussão na diplomacia foi imediata, com relatos de desconforto na delegação chinesa. Janja, no entanto, já se defendeu em entrevista à Folha de S.Paulo, negando qualquer quebra de protocolo: “Não entrei em uma sala gritando. Estávamos em um jantar conversando”, afirmou. “Eu não sou biscuit de porcelana. Eu não vou ao jantar só para acompanhar meu marido.”

A primeira-dama também disse ter usado de bom senso ao abordar o tema, apesar da delicadeza. “Eu sei os assuntos que são mais delicados. Eu poderia ter falado com o Putin: ‘pelo amor de Deus, para com essa guerra’. Mas sei que não era o momento. Agora, eu não vou me furtar a falar de uma rede social que está matando criança”, declarou, em referência ao caso de uma menina de 8 anos que morreu após participar de um desafio na plataforma.

Apesar de o governo brasileiro não ter se manifestado oficialmente sobre os motivos da ausência de Xi Jinping, a leitura de bastidores sugerida por Sadi evidencia o impacto que questões de etiqueta diplomática e temas sensíveis podem ter nas relações bilaterais.

A China deve ser representada na cúpula por outro alto funcionário do governo. A agenda do evento prevê discussões sobre economia, meio ambiente, política internacional e o futuro da ampliação do grupo BRICS, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.