4 de julho de 2025
Dia de Combate à Discriminação Racial: confira 4 práticas antirracistas
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Mesmo diante de situações que evidenciam a marginalização de bebês e crianças pequenas negras, ainda existe a crença de que essa parcela da população não sofre com o racismo. Porém, esse é um sintoma real. A infância é um período de formação profunda de valores, identidades e afetos, e é também quando o racismo pode ser aprendido ou desconstruído.

Essa discussão é aprofundada no livro Democratização do colo: Educação antirracista para e com bebês e crianças pequenas, escrito pela educadora e doutora em Educação e relações étnico-raciais Jussara Santos. A obra traz relatos e reflexões potentes sobre como o racismo estrutura relações desde os primeiros anos de vida, e como práticas educativas conscientes podem transformar essa realidade.

“A sociedade brasileira foi construída a partir do racismo. Então, considerar a existência do racismo nos espaços, a meu ver, é o pontapé inicial para o fomento do antirracismo. E, a partir disso, a formação continuada, a empatia, o estudo, o compromisso são formas de vivenciar o antirracismo no cotidiano da educação infantil”, ressalta Jussara Santos.

A seguir, confira quatro práticas essenciais para educadores, cuidadores e famílias que desejam promover relações mais igualitárias desde os primeiros anos de vida:

1. Ambientes que representem todas as infâncias

Entenda o que está sendo representado ao redor, as imagens na parede, os brinquedos e os livros da sala. Os elementos mostram a diversidade de crianças do Brasil? Incluir bonecas negras, histórias de crianças indígenas, bolivianas e de outras etnias é uma forma de fortalecer o sentimento de pertencimento, especialmente em espaços onde a maioria é preta ou parda.

2. Palavras constroem mundos

Evite eufemismos como “moreninho” ou apelidos baseados na cor da pele. Use com respeito os termos corretos: preto, pardo, indígena; ou negro, em referência mais ampla a pretos e pardos. Não normalize comentários ou expressões racistas, mesmo que disfarçados de brincadeira ou “memes”. Silenciar diante do racismo também é uma forma de ensiná-lo.

3. Afeto e cuidado sem estigmas

Todos os bebês precisam ser acolhidos com o mesmo carinho, colo e escuta atenta. É preciso romper com práticas que desumanizam ou estigmatizam crianças negras, como chamar de “cachorro” aquela que morde ou não intervir quando há exclusão. O racismo também aparece na negligência e na ausência de cuidado.

4. Educar para a diversidade de tons e histórias

A “cor de pele” não é bege; é marrom, é preta, é a soma das nossas origens. Desde cedo, as crianças devem ter acesso a lápis de diversas tonalidades e não delimitar o conhecimento, como se todas as peles fossem salmão.

Promover práticas antirracistas na primeira infância é garantir que as próximas gerações cresçam mais conscientes, respeitosas e comprometidas com a justiça social. Combater o racismo é tarefa de todos os dias, e começa agora, no colo, nas palavras que escolhemos e nas histórias que contamos.

Fonte: https://oimparcial.com.br/educacao/2025/07/dia-de-combate-a-discriminacao-racial-confira-4-praticas-antirracistas-na-primeira-infancia/