
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva exigiu, nesta sexta-feira, uma ação firme dos órgãos fiscalizadores para garantir que os postos de combustíveis repassem corretamente as quedas nos preços promovidas pela Petrobras. Durante um evento no Rio de Janeiro, onde anunciou um pacote de investimentos para a Petrobras, Lula não poupou críticas às distribuidoras e revendedoras que, segundo ele, estão retardando ou até ignorando os reajustes anunciados pela estatal. A fala do presidente se soma a um crescente descontentamento do governo com a falta de transparência e a prática de preços abusivos em alguns postos de combustíveis.
Lula destacou a importância de uma fiscalização rigorosa sobre a prática dos postos, enfatizando que, se os reajustes realizados pela Petrobras não refletirem na bomba, é necessário que os órgãos competentes — como os Procons estaduais, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e até a Polícia Federal — intervenham. “É preciso que esses órgãos não permitam que nenhum posto de gasolina desse país venda gasolina mais cara do que o preço que tem que vender. Não é possível que a Petrobras anuncie tanto desconto no óleo e diesel e esse desconto não chegue ao consumidor”, afirmou o presidente.
A crítica do presidente surge no contexto de uma quarta queda consecutiva nos preços de combustíveis ao produtor, o que intensifica a pressão para que esses preços sejam refletidos de maneira justa no valor pago pelos consumidores. Lula apontou que, mesmo com os cortes nos preços da Petrobras, muitos postos ainda não repassam as reduções ao consumidor final, o que, segundo ele, caracteriza uma falta de respeito para com a população. “Se não houver repasse, somos tratados como um bando de imbecis, porque decidimos as coisas e elas não chegam na ponta”, completou o presidente, demonstrando irritação com a situação.
A fala de Lula também se alinha às queixas do Ministério de Minas e Energia sobre práticas anticoncorrenciais no setor. O governo tem pressionado para que as distribuidoras de combustíveis, que controlam a maior parte da cadeia de abastecimento, se ajustem às políticas públicas que buscam promover a redução dos custos. Segundo o presidente, os preços do óleo diesel e da gasolina estão mais baixos atualmente do que quando seu governo assumiu, se considerada a inflação do período.
No evento, que ocorreu na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), uma das maiores do Brasil, Lula anunciou um pacote de R$ 33 bilhões em investimentos para as unidades de refino da Petrobras até 2029, o que deve gerar cerca de 38 mil novos postos de trabalho. Ao lado de ministros como Alexandre Silveira (Minas e Energia), Esther Dweck (Gestão e Inovação) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), o presidente reforçou a importância da Petrobras para a economia nacional e para a geração de empregos.
O embate do governo com o setor de combustíveis reflete um dos maiores desafios para o presidente Lula, que precisa garantir a manutenção da confiança do eleitorado em um momento de inflação persistente e de críticas ao aumento dos custos de vida. A fiscalização dos preços e a transparência no repasse das quedas de preços serão essenciais para evitar que a insatisfação popular com o setor se agrave ainda mais.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-cobra-fiscalizacao-e-denuncia-abusos-nos-precos-dos-combustiveis-ou-somos-tratados-como-imbecis/