8 de julho de 2025
Réptil marinho gigante indica o nascimento de um oceano
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Nosso planeta já passou por muitas transformações, mas identificar quando e como elas ocorreram não é fácil. Por isso, qualquer pista deve ser investigada — e o fóssil de uma ictiossaura prenha, presa em uma geleira no sul do Chile, pode ajudar cientistas a entender como um supercontinente do passado se fragmentou e como o Oceano Atlântico surgiu.

O supercontinente meridional Gondwana unia a África e a América. Em um processo longo e violento, ele se rompeu, dando origem ao Atlântico Sul — além de causar terremotos, vulcões e deslizamentos de terra. As pesquisa é da Universidade do Texas em Austin.

Um desses deslizamentos atingiu um cânion submarino em Rocas Verdes, gerando fluxos turbulentos de sedimentos. “Provavelmente, esses deslizamentos podem ter aprisionado os ictiossauros e os arrastado para o fundo do cânion, soterrando-os em sedimentos”, disse Judith Pardo-Pérez, professora associada da Universidade de Magallanes, no Chile, ao The New York Times.

Dessa forma, o cadáver da criatura foi preservado. Ao longo de milhares de anos, forças tectônicas fecharam Rocas Verdes e a elevaram, isolando a região sob uma geleira, que cobriu o local até recentemente.

Com o aumento das temperaturas, o gelo derreteu e os ossos ficaram expostos, permitindo que, em 2022, cientistas escavassem o fóssil praticamente intacto. O esqueleto foi batizado de Fiona, pois o contato de uma cola usada para proteger o material com a vegetação das rochas deixou o animal com uma coloração esverdeada, lembrando a personagem Fiona, do filme Shrek (posteriormente, o fóssil foi limpo e recuperou sua cor original).

Curiosidades sobre o fóssil de Ictiossauro:

  • Fiona estava grávida (apesar de serem répteis, os ictiossauros geravam filhotes no útero);
  • As rochas fornecem pistas sobre o ambiente em que esses animais viviam;
  • O registro fóssil permite testar hipóteses sobre como as correntes oceânicas mudaram de direção conforme os continentes se transformavam.

Quais descobertas o fóssil trouxe?

O fóssil estava em uma bacia próxima a uma série de vulcões. Rochas vulcânicas, ao contrário das sedimentares, podem ser datadas com precisão.

Os pesquisadores analisaram uma camada de cinzas vulcânicas perto do local onde Fiona foi encontrada e determinaram que ela viveu e morreu há 131 milhões de anos.

Mapa da Laurasia e Gondwana com o Mar de Tétis
Mapa da Laurásia e Gondwana com o Mar de Tétis.
(Imagem: Lennart Kudling / Wikimedia Commons)

A conclusão é que, quando Rocas Verdes se formou, havia pouco oxigênio no oceano para sustentar vida marinha. No entanto, quando os ictiossauros chegaram, o ambiente já estava oxigenado o suficiente. Apesar de respirarem na superfície, esses répteis se alimentavam de peixes, que dependiam da oxigenação da água.

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Ou seja: em algum momento, uma passagem se abriu em Gondwana, permitindo que águas oceânicas invadissem a região e dividissem o supercontinente.

Ainda há 87 outros fósseis de ictiossauros no local. Agora que não estão mais protegidos pela neve glacial, o clima rigoroso pode acelerar sua deterioração — mas também abre a oportunidade para que sejam finalmente desenterrados.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/07/07/ciencia-e-espaco/reptil-marinho-gigante-indica-o-nascimento-de-um-oceano/