
Nesta segunda-feira (07), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brics não nasceu para enfrentar ninguém e representa uma nova maneira de fazer política no mundo. A afirmação aconteceu logo depois do encerramento da 17ª Cúpula de Líderes das nações que integram o grupo, que se reuniram por dois dias no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro.
“O Brics, que não nasceu para afrontar ninguém, é apenas um outro modelo, um outro modo de fazer política, uma coisa mais solidária”, disse a jornalistas. Além disso, ele afirmou ainda que o Brics “não quer um mundo tutelado”.
Lula enfatizou a defesa do multilateralismo e indicou o que considera falhas do modelo atual de governança, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), que financia nações pobres e cobra medidas de austeridade que inviabilizam a recuperação financeira do país.
“Não é para emprestar dinheiro e levar os países à falência, como o que tem acontecido, porque o modelo de austeridade que tem sido feito por outros países é fazer com que a dívida seja impagável cada vez mais”.
Além disso, o presidente também contestou a formação do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), no qual somente cinco dos 15 integrantes possuem vaga permanente e poder de veto: Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido.
“Nós precisamos ter consciência de que o mundo precisa mudar. Nós estamos vendo hoje, possivelmente, depois da Segunda Guerra Mundial [1939-1945], o maior período de conflito entre os países”, destacou Lula, que citou a guerra do Iraque, e as invasões da Líbia e da Ucrânia para dizer que “ninguém pede licença para fazer guerra”.
A declaração final do Brics evidencia apoio da China e da Rússia às aspirações do Brasil e da Índia de desempenhar uma função com maior relevância no Conselho de Segurança.
Lula também criticou mais uma vez a ofensiva israelense na Faixa de Gaza. “Já passou da capacidade de compreensão de qualquer mortal do planeta Terra dizer que aquilo é uma guerra contra o Hamas, e só se mata inocente, mulheres e crianças”. No domingo, antes da reunião do Brics, o presidente brasileiro já havia se referido à ação de Israel como genocídio.
Moedas locais
No momento atual, o Brics conta com 11 países-membros e dez parceiros. De acordo com o presidente brasileiro, que ocupa a presidência rotativa anual do grupo, o bloco está aberto para a entrada de mais nações. “Uma metamorfose ambulante”, disse.
“Não é uma coisa fechada, não é um clube de privilegiados. É um conjunto de países querendo criar um outro jeito de organizar o mundo do ponto de vista econômico, do ponto de vista do desenvolvimento, do ponto de vista da relação humana”.
Questionado sobre as negociações para que o comércio entre as nações seja em moedas locais, em vez do dólar americano, Lula disse que é muito difícil fazer as pessoas mudarem aquilo com que já estão acostumadas há muitas décadas, no entanto destacou que “o mundo precisa encontrar um jeito de que a nossa relação comercial não precise passar pelo dólar”.
“Ninguém determinou que o dólar é a moeda padrão”, afirmou. “Obviamente que nós temos toda a responsabilidade de fazer isso com muito cuidado. Os nossos bancos centrais precisam discutir isso com os bancos centrais dos outros países, mas é uma coisa que não tem volta. Vai acontecendo aos poucos até que seja consolidado”, concluiu.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/07/lula-considera-brics-como-nova-maneira-de-fazer-politica-global/