
Um esquema de cobrança de propina envolvendo recursos públicos federais repassados por meio de emendas parlamentares está no centro de uma investigação da Polícia Federal que mira o deputado federal Júnior Mano (foto)(PSB-CE). A ex-prefeita de Canindé (CE), Rozário Ximenes, denunciou à PF que um aliado do parlamentar, Carlos Alberto Queiroz, conhecido como Bebeto do Choró, exigia o pagamento de 15% de “retorno” para liberar verbas indicadas por Mano, informa O Globo.
A denúncia, confirmada por Rozário, foi considerada um dos principais elementos para a operação deflagrada nesta semana. De acordo com o depoimento prestado pela ex-prefeita, Bebeto, que foi eleito prefeito de Choró em 2024, mas não assumiu o cargo, atuava como intermediário das emendas do deputado federal. “As emendas do Júnior Mano que o Bebeto oferecia, ele pedia retorno de 15%. Eu cheguei a receber emenda da saúde e a confusão começou aí, porque eu disse que não tinha condição de dar retorno”, declarou Rozário.
Além da cobrança de propina, a ex-prefeita também apontou a existência de fraudes sistemáticas em licitações conduzidas pela prefeitura durante sua gestão. Ela relatou que um grupo de empresas ligadas a Bebeto e ao deputado era usado para vencer pregões com propostas de menor valor, o que a obrigava, por força da lei, a contratá-las. “Eles formaram um grupo de laranjas muito grande. Eu não conseguia tirar eles da prefeitura. Eles colocavam menor preço (nos pregões) e eu era obrigada a contratar por lei. Mas era tudo laranja do Bebeto e do Júnior Mano”, disse.
Segundo a representação enviada pela Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal (STF), os depoimentos de Rozário “reforçam substancialmente a hipótese criminal”. O documento cita uma “proposta explícita de repasse de emenda parlamentar condicionada à devolução de 15%”.
Deputado nega envolvimento em irregularidades
Em nota, o deputado Júnior Mano negou qualquer envolvimento com irregularidades e afirmou confiar que a investigação comprovará sua inocência. “Ao final do processo investigativo, tenho convicção de que minha correção de conduta será reconhecida”, afirmou o parlamentar, que também declarou não exercer influência sobre atos administrativos nas prefeituras do Ceará.
A investigação segue sob sigilo no Supremo Tribunal Federal. A Polícia Federal apura se houve tráfico de influência, corrupção e desvio de recursos públicos federais por meio de emendas parlamentares destinadas a municípios do interior do Ceará.]
LEIA MAIS
Fonte: https://agendadopoder.com.br/aliado-de-deputado-e-acusado-de-cobrar-15-de-propina-por-emenda-parlamentar/