
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda revisou para cima a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025, elevando a estimativa de 2,4% para 2,5%. Ao mesmo tempo, reduziu a previsão da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5% para 4,9%. Os dados constam no boletim macrofiscal divulgado nesta sexta-feira (11).
A revisão positiva, segundo o Ministério, reflete a continuidade do bom desempenho do mercado de trabalho e o avanço da produção agropecuária, com destaque para culturas como milho, café, algodão e arroz. Apesar da alta na projeção anual, a SPE alerta para uma desaceleração no ritmo de crescimento da economia nos próximos trimestres. A expectativa é de expansão de apenas 0,6% no segundo trimestre, bem abaixo dos 1,3% registrados no primeiro.
Do lado da inflação, a queda nas projeções é atribuída à valorização do real frente ao dólar, à redução nos preços de alimentos e bens industriais e à deflação de produtos no atacado. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) também foi revisto para baixo, de 4,9% para 4,7%. Já o IGP-DI teve a maior redução entre os indicadores, passando de 5,6% para 4,6%, puxado principalmente pela queda nos preços da soja e do minério de ferro.
Efeito Trump fora do radar
O boletim macrofiscal não incorporou, até o momento, os possíveis impactos da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo a Fazenda, eventuais efeitos da medida — que deve entrar em vigor em 1º de agosto, caso não haja recuo por parte dos EUA — ainda estão sendo avaliados e, por ora, são considerados localizados, com impacto mais significativo sobre setores industriais exportadores.
Além da sobretaxa, o relatório também aponta para o aumento das incertezas no comércio internacional em razão das políticas protecionistas dos EUA. Segundo o documento, tais fatores contribuem para um ambiente externo mais volátil e imprevisível para os próximos trimestres.
Contas públicas e arrecadação
Na área fiscal, o Prisma Fiscal revisou para baixo a projeção de déficit primário do governo federal em 2025: de R$ 84,3 bilhões estimados em janeiro para R$ 72,1 bilhões. A arrecadação prevista subiu para R$ 2,88 trilhões, enquanto as despesas devem alcançar R$ 2,39 trilhões.
Com isso, a dívida bruta do governo geral (DBGG) deve recuar para 80% do PIB, frente aos 82% estimados para o final de 2024. O PIB nominal projetado também foi elevado e agora está previsto em R$ 12,69 trilhões.
Para 2026, a estimativa do IPCA foi mantida em 3,6%, o que representa a convergência para a meta de inflação estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Principais projeções para 2025:
- PIB: 2,5%
- IPCA: 4,9%
- INPC: 4,7%
- IGP-DI: 4,6%
- Déficit primário (Prisma Fiscal): R$ 72,1 bilhões
- Dívida bruta (DBGG): 80% do PIB
- Arrecadação federal: R$ 2,88 trilhões
Embora o cenário externo adicione incertezas ao desempenho da economia brasileira, os dados do boletim da SPE indicam um ambiente ainda positivo para 2025, com avanço moderado da atividade, alívio da inflação e melhora nas contas públicas. A evolução das tensões comerciais com os Estados Unidos, no entanto, pode alterar esse panorama nos próximos meses.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/fazenda-eleva-projecao-do-pib-para-2025-e-reduz-estimativa-de-inflacao-mesmo-sob-incerteza-externa/