13 de julho de 2025
Tarcísio minimiza exigência de anistia por aliados de Bolsonaro em
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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, minimizou neste sábado (12) as declarações de aliados da família Bolsonaro que condicionam o fim do tarifaço dos Estados Unidos à concessão de anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado. Em visita ao município de Cerquilho (SP), o governador classificou a exigência como “uma questão de ponto de vista” e destacou que sua prioridade é defender os interesses econômicos de São Paulo.

“Acho que o momento demanda união de esforços, demanda sinergia, porque é algo complicado para o Brasil, para segmentos da nossa indústria, do nosso agronegócio. A gente precisa estar de mãos dadas agora para resolver, deixar a questão política de lado e tentar resolver essa questão”, disse Tarcísio.

Questionado sobre a informação de que teria ligado para ministros do Supremo Tribunal Federal pedindo autorização para Jair Bolsonaro viajar aos Estados Unidos com o objetivo de negociar diretamente com Donald Trump, o governador negou. “Assinei alguma petição? Não. Isso é bobagem”, respondeu.

O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, tem defendido publicamente que a suspensão das tarifas anunciadas por Trump só ocorra mediante uma anistia ampla aos acusados de tentativa de golpe, incluindo seu pai, que é réu no STF.

Tarcísio, por sua vez, evitou embate direto com os bolsonaristas, mas afirmou que seu foco está nos impactos econômicos para o estado. “Sou governador de São Paulo. Existem interesses que precisam ser preservados, das nossas empresas, dos nossos produtores. Estou falando de empregos, de paz de família. Nesse momento, é essa a defesa que estou fazendo.”

O governador também declarou ter procurado a embaixada americana para relatar as consequências do tarifaço, citando setores diretamente afetados, como o agronegócio e a Embraer. Ele elogiou a atuação da diplomacia brasileira e afirmou que o governo federal tem competência para conduzir as negociações com os EUA.

Nas últimas 48 horas, Tarcísio intensificou articulações para mitigar os efeitos do tarifaço e tentar se reposicionar como figura central na interlocução com os americanos. Além de Bolsonaro e ministros do STF, também dialogou com representantes da embaixada dos Estados Unidos no Brasil.

Internamente, no entanto, enfrenta resistências tanto no Supremo quanto no próprio campo bolsonarista. Parte da ala mais radical, como o ex-apresentador Paulo Figueiredo, tem criticado suas iniciativas. “Tarcísio atrapalha sem nem saber. Enquanto o sistema tiver esperanças de que ele surja como o Salvador da Pátria intermediando um acordo com os EUA, não vão nem cogitar a única solução real: a anistia ampla, geral e irrestrita”, disse Figueiredo.

Outro entrave ao protagonismo desejado pelo governador é o próprio Jair Bolsonaro, que, segundo interlocutores, quer centralizar a interlocução com Trump nas mãos dele e dos filhos. Uma eventual mediação bem-sucedida por Tarcísio poderia fortalecê-lo politicamente, algo visto com desconfiança pelo entorno do ex-presidente.

A recente carta de Donald Trump ao presidente Lula deixou claro que o tarifaço está diretamente ligado à situação judicial de Bolsonaro. O ex-presidente americano tem cobrado a extinção do processo que corre no STF, pressionando os Poderes brasileiros com sanções econômicas em benefício de seu aliado.

Padrinho político de Tarcísio, Bolsonaro vê com cautela qualquer movimento autônomo do governador. Em meio à crise, Tarcísio tenta manter o equilíbrio entre a lealdade ao bolsonarismo e a responsabilidade institucional como chefe do estado mais afetado pelas tarifas.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/tarcisio-minimiza-exigencia-de-anistia-por-aliados-de-bolsonaro-em-troca-do-fim-do-tarifaco-dos-eua/