
O tarifaço de Trump está prestes a se tornar um pesadelo real para as exportações brasileiras. Caso a nova alíquota de 50% sobre produtos do Brasil entre em vigor em agosto, como anunciado pelo ex-presidente dos EUA, os estados mais afetados serão São Paulo e Rio de Janeiro, com prejuízos expressivos para setores estratégicos como aviação, petróleo, agronegócio e indústria.
De acordo com um levantamento da Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio), São Paulo sozinho responde por quase um terço das exportações para os Estados Unidos, totalizando US$ 6,4 bilhões no primeiro semestre de 2025. O estado envia ao país norte-americano aeronaves — graças à Embraer, sediada em São José dos Campos —, suco de frutas (especialmente laranja) e equipamentos de engenharia.
O Rio de Janeiro aparece logo atrás, com US$ 3,2 bilhões em vendas aos EUA no período. Os principais produtos incluem óleos brutos e combustíveis de petróleo, além de derivados de ferro e aço. Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul também estão na linha de frente dos prejuízos, somando mais de US$ 5 bilhões em exportações de itens como café, celulose, cimento, tabaco e calçados.
A Embraer é apontada como uma das empresas mais expostas à medida. Segundo relatório da XP Investimentos, cerca de 24% da receita da fabricante de aeronaves vem do mercado norte-americano. No setor de calçados, o impacto também deve ser profundo. “É um grande balde de água fria. Justamente quando vínhamos recuperando o mercado nos Estados Unidos”, disse Haroldo Ferreira, da Abicalçados. Em junho, as exportações de sapatos para os EUA haviam crescido 40%.
O Porto de Santos, responsável por mais de um terço das exportações brasileiras para os EUA, também deve sentir o baque. Outros terminais importantes, como os de Itaguaí (RJ), Rio de Janeiro e Vitória (ES), correm o risco de perder receitas com a queda nos embarques.
Para o economista Felippe Serigati, da FGVAgro, o impacto no PIB pode ser limitado, já que as exportações para os EUA representam cerca de 2% do total. Porém, ele alerta: “Setores como suco de laranja, carne, café, papel e celulose serão fortemente atingidos”.
Buscar novos mercados, como alternativa, não será fácil nem rápido. Com mais de 86% dos produtos indo por via marítima, o Brasil pode enfrentar um desafio logístico e comercial sem precedentes caso o tarifaço se concretize.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/exportacoes-em-risco-tarifaco-de-trump-atinge-em-cheio-rio-e-sao-paulo/