
O fenômeno dos raios é algo que fascina a humanidade há séculos. Sabemos que a maior parte das descargas elétricas atmosféricas, ou raios, ocorre de cima para baixo, ou seja, das nuvens para o solo.
Contudo, existe um tipo especial de raio, o raio ascendente, que desafia essa lógica ao ocorrer de baixo para cima, partindo da superfície terrestre em direção às nuvens.
Neste artigo, vamos explorar e explicar o que é e como acontece esse fenômeno.
O que são os raios?
Os raios são descargas elétricas de alta intensidade que ocorrem na atmosfera, geralmente entre diferentes regiões com cargas elétricas desiguais.
Eles podem ocorrer de várias formas, como intranuvem (dentro da mesma nuvem), internuvem (entre nuvens) ou nuvem-solo (da nuvem para o solo). Embora os raios que atingem o solo sejam mais notáveis para os seres humanos por causa de seu impacto, os raios intranuvem e internuvem são mais frequentes.
Os raios também geram fenômenos associados, como o relâmpago (uma intensa emissão de luz) e o trovão (o som causado pela expansão rápida do ar aquecido pela descarga elétrica).
O que é um ‘raio ascendente’?
O raio ascendente é uma versão invertida do raio tradicional. Ao invés de descer das nuvens para o solo, ele começa na superfície, em estruturas elevadas.

Ela acontece em torres de telecomunicações, para-raios e edifícios altos, e sobe em direção às nuvens. Esse tipo de raio foi observado pela primeira vez no Brasil em 2012, quando pesquisadores do INPE, em São Paulo, registraram a ocorrência de raios ascendentes a partir de uma torre de 130 metros de altura no Pico do Jaraguá.
De acordo com as pesquisas do INPE, lideradas pelo especialista Marcelo Saba, os raios ascendentes geralmente acontecem após a ocorrência de um raio descendente. Esse raio descendente, quando atinge o solo, cria uma carga negativa na nuvem.
Esse desequilíbrio na distribuição das cargas elétricas pode gerar condições para que um raio ascendente seja formado. A descarga ascendente surge da ponta de uma torre ou de um para-raios e viaja em direção às nuvens, ao invés de descer para a Terra.
Como o Raio Ascendente se Forma?
Os pesquisadores explicaram que, para que um raio ascendente se forme, é necessário que ocorra primeiro uma descarga elétrica descendente.
Essa descarga positiva, quando atinge o solo, deixa um excesso de carga positiva na Terra e uma carga negativa na nuvem.
Esse desequilíbrio gera uma forte perturbação no campo elétrico da nuvem, o que, por sua vez, cria um aumento súbito no campo elétrico na estrutura de superfície elevada, como uma torre de telecomunicações.
Essa mudança rápida no campo elétrico da torre ou estrutura é o que desencadeia a formação do raio ascendente. Durante esse processo, uma descarga elétrica se propaga para cima, em direção às nuvens, em vez de descer em direção ao solo.
Onde e quando ocorrem os Raios Ascendentes?
Observadores registram esse fenômeno com mais frequência em locais com estruturas elevadas, como torres de telecomunicações e edifícios altos. Em São Paulo, por exemplo, a região do Pico do Jaraguá costuma concentrar esse tipo de descarga.

Todos os anos, pesquisadores contabilizam entre 40 e 50 raios ascendentes nesse local. As ocorrências aumentam principalmente durante as transições entre as estações de primavera e verão, e de verão para outono.
Além do Brasil, pesquisadores também observam esse tipo de raio em países como os Estados Unidos e a África do Sul.
É importante notar que os raios ascendentes não representam um grande risco para a saúde humana, visto que ocorrem nas extremidades de torres e edifícios altos. No entanto, eles podem causar danos às próprias estruturas, como queimaduras ou danos aos sistemas de transmissão de energia.
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O impacto das construções humanas no fenômeno
Pesquisadores associaram diretamente o fenômeno dos raios ascendentes à presença de estruturas elevadas construídas pelo homem.

Torres de telecomunicações, para-raios e arranha-céus funcionam como locais preferenciais para o início dessas descargas elétricas “invertidas”. Em áreas com grande concentração dessas construções, como na Avenida Paulista, em São Paulo, esses raios ocorrem com mais frequência.
Este fenômeno destaca o impacto das atividades humanas sobre os processos naturais, já que a presença de estruturas altas altera o campo elétrico da atmosfera e facilita a formação desses raios inusitados.
Portanto, o estudo dos raios ascendentes não apenas amplia nossa compreensão sobre os fenômenos atmosféricos, mas também contribui para a melhoria das tecnologias de monitoramento e proteção contra raios.
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