15 de julho de 2025
Governo dos EUA ataca Lula e Moraes em nova ofensiva
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O governo dos Estados Unidos voltou a subir o tom contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (14), ao publicar novas críticas em suas redes sociais. Segundo reportagem do jornal O Globo, o ataque mais recente veio por meio de uma postagem oficial no X (antigo Twitter), feita pelo subsecretário de Estado para Diplomacia Pública, Darren Beattie, que afirmou que “consequências há muito esperadas” foram impostas ao STF e ao governo brasileiro por supostos “ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio com os EUA”.

Beattie, que atua em uma das áreas mais estratégicas do Departamento de Estado — órgão equivalente ao Ministério das Relações Exteriores — declarou que os EUA “acompanham de perto os desdobramentos” no Brasil, insinuando uma escalada de pressão sobre o Judiciário e o Executivo brasileiros. A publicação ocorre em um momento delicado da relação entre os dois países, após o ex-presidente Donald Trump anunciar um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA.

A resposta do governo brasileiro veio por meio da chamada Lei da Reciprocidade, assinada no mesmo dia por Lula. A nova norma permite ao Brasil adotar sanções equivalentes às impostas por outros países, marcando o início de uma possível guerra comercial com os americanos.

A ofensiva de Beattie reforça o discurso adotado por Trump desde o início do mês. No último dia 9, o ex-presidente publicou uma carta aberta nas redes sociais endereçada a Lula. No texto, ele acusou o Brasil de promover “ataques insidiosos” contra a democracia americana e os direitos de liberdade de expressão, e anunciou a abertura de uma investigação, com base na Seção 301 da Lei de Comércio americana, sobre práticas brasileiras consideradas injustas, como supostas restrições às empresas de tecnologia dos EUA.

A Seção 301, criada em 1974, é frequentemente usada como instrumento para pressionar parceiros comerciais dos EUA a mudarem suas políticas internas sob ameaça de sanções. Foi a mesma base legal utilizada por Trump em sua guerra tarifária contra a China.

Em resposta à retaliação americana, o presidente Lula classificou as declarações como desrespeitosas e alertou que a diplomacia não pode ser substituída por vídeos e postagens em redes sociais. “O Brasil responderá com firmeza”, disse, reiterando que a reação do país será proporcional e buscará preservar sua soberania e o respeito mútuo entre as nações.

Além da retórica, o Palácio do Planalto estuda contramedidas específicas contra empresas e produtos norte-americanos. A Advocacia-Geral da União (AGU) já classificou as alegações de Trump como “infundadas” e reforçou que o Brasil manterá a defesa da integridade do seu sistema jurídico e dos princípios democráticos.

O embate marca mais um capítulo da crescente tensão entre os governos progressistas da América Latina e lideranças conservadoras nos EUA, especialmente no contexto eleitoral americano, em que Trump tem usado a política externa como instrumento de campanha. A menção a Bolsonaro por parte do governo dos EUA, nesse cenário, reforça a instrumentalização política da relação bilateral e acirra o clima diplomático entre Brasília e Washington.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/governo-dos-eua-ataca-lula-e-moraes-em-nova-ofensiva-diplomatica-e-menciona-bolsonaro/