
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) retorna nesta terça-feira (15) a Washington, com o objetivo de pressionar o governo dos Estados Unidos por novas sanções contra autoridades brasileiras, em especial o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A viagem, de acordo com a coluna de Mariana Sanches, na UOL, deve durar dois dias e é mais um capítulo da ofensiva internacional do parlamentar em defesa do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e ocorre em meio à crescente insatisfação da direita brasileira com os impactos das tarifas de 50% impostas recentemente pelo ex-presidente Donald Trump ao Brasil.
Apesar das críticas públicas de Jair Bolsonaro ao tarifaço — o ex-presidente afirmou no fim de semana que não se “alegra” com sanções ao Brasil —, Eduardo decidiu ignorar os efeitos econômicos das medidas e concentrar sua agenda nos Estados Unidos em temas políticos. Fontes próximas ao deputado afirmam que ele continua empenhado em obter pressão externa em favor da anistia ao pai, e que jamais considerou atuar para reverter as tarifas que penalizam exportadores brasileiros, especialmente de São Paulo, estado que concentra boa parte do eleitorado bolsonarista.
Na capital americana, Eduardo será recebido por Ricardo Pita, conselheiro-sênior do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental no Departamento de Estado. Pita é figura-chave na articulação de sanções por meio da Lei Global Magnitsky e já defendeu publicamente medidas contra Moraes, a quem acusa de perseguir Jair Bolsonaro. Ele também esteve no Brasil no início do ano e visitou o ex-presidente, o que gerou forte desconforto diplomático.
Além de Moraes, Eduardo deve tentar incluir nas sanções delegados da Polícia Federal que atuam nas investigações sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, bem como outros ministros do Supremo. A pressão é pública: nesta segunda-feira (14), às vésperas da viagem, o deputado voltou a cobrar que Trump e o secretário de Estado Marco Rubio imponham punições ao Judiciário brasileiro. Também acompanha a viagem Paulo Figueiredo, neto do último presidente da ditadura militar, general João Figueiredo.
A ofensiva de Eduardo Bolsonaro no exterior está longe de ser consenso, mesmo entre aliados. As ações do deputado aprofundaram o racha na direita e provocaram incômodo em setores moderados do bolsonarismo, especialmente após a imposição das tarifas comerciais por Trump. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que antes mantinha um discurso afinado com o ex-presidente americano, foi obrigado a mudar o tom diante do impacto direto da medida na economia paulista.
A crítica generalizada é que Eduardo, ao internacionalizar disputas internas e tentar envolver potências estrangeiras em questões do Judiciário nacional, coloca em risco a soberania do país e rompe com o princípio da não intervenção. Também cresce a percepção de que o deputado está mais comprometido com a defesa pessoal e familiar do ex-presidente do que com os interesses do Brasil, seja na política externa, seja na economia.
A viagem desta semana consolida a imagem de Eduardo como o principal operador de Jair Bolsonaro no exterior, mas ao custo de tensionar ainda mais o cenário político interno e agravar o isolamento da direita bolsonarista em meio ao enfraquecimento do discurso de união no campo conservador.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/eduardo-bolsonaro-volta-a-washington-nesta-terca-para-pedir-novas-sancoes-contra-o-brasil/