16 de julho de 2025
Maior entidade empresarial dos EUA pressiona Trump a negociar com
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A proposta do ex-presidente Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros provocou forte reação da maior entidade empresarial dos Estados Unidos. Em nota conjunta divulgada nesta terça-feira (15), a US Chamber of Commerce e a Amcham Brasil alertaram para os impactos negativos que a medida pode causar não apenas ao Brasil, mas à própria economia americana. A reportagem é da CNN Brasil.

No comunicado, as instituições afirmam que o Brasil ocupa posição de destaque na balança comercial dos Estados Unidos e que a relação entre os dois países deve ser preservada por meio do diálogo. “Mais de 6.500 pequenos negócios nos Estados Unidos dependem de produtos importados do Brasil, enquanto 3.900 empresas americanas investem no país”, diz a nota.

A Câmara de Comércio dos EUA — que representa milhões de empresas americanas — e a Amcham Brasil, maior câmara americana de comércio fora dos Estados Unidos, classificam a proposta de Trump como arriscada e desproporcional. Segundo o documento, vincular sanções comerciais a desentendimentos políticos abre um “precedente preocupante”.

Um dos dez maiores destinos das exportações dos EUA

As entidades destacam que o Brasil figura entre os dez principais destinos das exportações americanas, absorvendo aproximadamente US$ 60 bilhões anuais em bens e serviços. Nesse contexto, o tarifaço proposto por Trump afetaria produtos essenciais para a indústria e o varejo dos EUA, encarecendo a produção e os preços ao consumidor final. “A tarifa de 50% proposta impactaria produtos essenciais para as cadeias de suprimentos e os consumidores dos Estados Unidos, aumentando os custos para as famílias e reduzindo a competitividade das principais indústrias americanas”, reforça o comunicado.

Para evitar esse cenário, US Chamber e Amcham pedem que os governos americano e brasileiro retomem o diálogo diplomático em “nível elevado”. “É necessária uma solução negociada, pragmática e construtiva”, conclui a nota.

Em entrevista à CNN na segunda-feira (14), o CEO da Amcham Brasil, Abrão Neto, reforçou o apelo por entendimento e alertou que medidas de retaliação, se necessárias, devem ser adotadas apenas em última instância. “Ainda há espaço para o diálogo”, afirmou.

A posição das entidades empresariais americanas ocorre em meio a um clima de tensão crescente nas relações bilaterais. A proposta de Trump surgiu como resposta à suposta falta de alinhamento do governo brasileiro aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos — especialmente no contexto das críticas de Washington ao presidente Lula e ao ministro Alexandre de Moraes.

A íntegra da nota conjunta, distribuída à imprensa norte-americana, resume o tom do apelo: “Impor tais medidas em resposta a tensões políticas mais amplas corre o risco de causar danos reais a uma das relações econômicas mais importantes dos Estados Unidos”.

Enquanto Trump reforça o discurso protecionista, as principais vozes do setor empresarial se unem para tentar evitar uma escalada que pode comprometer empregos, investimentos e estabilidade comercial entre os dois países.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/maior-entidade-empresarial-dos-eua-pressiona-trump-a-negociar-com-o-brasil/