
Apesar de estar formalmente foragida da Justiça brasileira e com um mandado de prisão preventiva expedido pelo Supremo Tribunal Federal, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) continua se manifestando nas redes sociais. Desde a derrubada de suas contas oficiais, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes em 4 de junho, Zambelli recorre a um perfil alternativo no Instagram, criado em maio, para publicar críticas ao STF e ao governo federal.
O primeiro post do novo perfil foi feito em 13 de junho, cerca de dez dias após a suspensão de suas redes principais. Com cerca de 4.600 seguidores, a conta é usada para comentar temas da política nacional, reforçar a narrativa bolsonarista e manter o contato com seus apoiadores. Embora tenha sido retirada das plataformas oficiais por descumprir medidas judiciais, a parlamentar continua atualizando o novo canal com frequência.
Críticas a Moraes e ataques ao governo
Em vídeo publicado há seis dias, Zambelli retoma sua retórica contra o ministro Alexandre de Moraes e critica o governo federal pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos. “Olá, pessoal, aqui é Carla Zambelli. Muita coisa tem acontecido no Brasil, não é?”, inicia, antes de ironizar o episódio do tarifaço. Ela classifica as medidas como “Taxa Moraes” e afirma que “faz muitos anos que o Moraes está brincando de ditador”.
Na mesma publicação, elogia o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), “pela coragem de enfrentar certas coisas que nenhum outro presidente teve coragem de enfrentar”, e agradece ao líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, pelo apoio político. Ela também se diz confiante na tramitação de seu processo de cassação, que aguarda análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
Além do Instagram, Zambelli passou a usar a plataforma Substack, onde escreve textos com reflexões sobre sua situação e atualiza seus apoiadores sobre seus movimentos. Nesses conteúdos, a deputada define sua condição como “exílio”, mesmo sendo considerada foragida por autoridades brasileiras e incluída na lista de procurados da Interpol. Ela se recusa a entregar o passaporte e descumpriu medidas cautelares impostas pelo STF.
Produção de conteúdo com apoio da mãe
Os conteúdos divulgados no novo perfil incluem vídeos gravados com sua mãe, Rita Zambelli, que reforça o discurso da filha e compartilha mensagens de apoio à sua causa. Em uma publicação feita no dia 17 de junho, Carla Zambelli convidou os seguidores a acompanharem seus novos canais e reiterou que pretende continuar ativa por meio de plataformas alternativas.
“Continuarei me comunicando com vocês, mesmo que queiram me calar. Isso só mostra o quanto estamos incomodando”, escreveu em uma das postagens.
Condenação e status de foragida
Carla Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em ação articulada com o hacker Walter Delgatti Neto. O caso levou o ministro Alexandre de Moraes a decretar sua prisão preventiva. Desde então, a deputada está fora do país e figura na difusão vermelha da Interpol, o que permite sua captura em território estrangeiro, embora ainda não tenha sido localizada pelas autoridades.
A manutenção de suas atividades nas redes sociais, mesmo após a suspensão das contas e a expedição de mandado de prisão, reacende o debate sobre os limites da atuação de parlamentares nas plataformas digitais e a eficácia das medidas judiciais frente ao ambiente virtual descentralizado.
Enquanto a tramitação sobre sua cassação avança no Legislativo e a Justiça segue em busca de sua localização, Zambelli mantém sua estratégia de comunicação com a base bolsonarista e tenta transformar sua condição de foragida em instrumento de narrativa política.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/foragida-carla-zambelli-mantem-perfil-alternativo-e-ataca-moraes-e-stf-nas-redes-sociais/